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CeBIT termina com 150 mil visitantes a menos do que em 2001

Neusa Soliz20 de março de 2002

Os expositores que participaram da maior feira internacional de informática e telecomunicações ficaram satisfeitos, apesar da diminuição do público. Esse também é o caso das firmas brasileiras Bematech e Perto S.A.

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Pouco movimento em alguns pavilhões da feiraFoto: AP

A fraca conjuntura e a crise no setor de computadores e técnicas de informação levaram a uma queda de 17,6% do número de visitantes na CeBIT, que se encerrou nesta quarta-feira (20), em Hanôver. Cerca de 700 mil pessoas compareceram nos oito dias da feira, 150 mil a menos do que em 2001.

Apesar disso, a federação do setor, BITKOM, anunciou que os 7962 expositores estavam satisfeitos, no que se refere às suas expectativas. Já no tocante às perspectivas, o quadro é diferente e dificilmente se cumprirá a visão otimista do chefe de governo alemão, Gerhard Schröder. Ao inaugurar a CeBIT, na semana passada, ele manifestou a esperança de que a feira representasse um impulso e que dela partisse um sinal de confiança na recuperação da conjuntura.

Somente a metade dos expositores alemães faz uma avaliação positiva da situação econômica atual. As companhias telefônicas ainda se ressentem do grande investimento de 50 bilhões de euros, somente para conseguir uma das cobiçadas licenças alemãs para o novo padrão de telefonia móvel UMTS. Quem perguntou, em Hanôver, quando elas pensam recuperar o capital, só ouviu respostas vagas.

Simplicidade em vez de grandes visões

- No entanto, houve notoriamente um lado positivo na CeBIT: após anos de novidades visionárias, caras e pouco práticas, começa a prevalecer a sensatez. O setor parece haver entendido que o mais importante é tratar de cumprir suas promessas e oferecer o que o cliente realmente quer. Nesse sentido, começa a otimizar seus produtos, torná-los mais simples, de mais fácil utilização. Por isso, na imensa exposição, cuja área corresponde a uns 60 campos de futebol, não havia nada que merecesse o rótulo de "verdadeiramente revolucionário".

Esse ramo industrial, porém, não consegue sobreviver totalmente sem visões. Visões são importantes molas propulsoras do desenvolvimento, que um dia acabam se impondo. Quem teria pensado, dez anos atrás, por exemplo, que hoje um bilhão de pessoas no mundo estariam usando celular? Na África, o uso do celular representou um enorme salto, pois ele presta um grande serviço em regiões distantes, onde o telefone fixo nunca chegou e provavelmente nunca chegará.

O CEO da Microsoft, Steve Ballmer, que inaugurou a CeBIT juntamente com o chanceler federal alemão, indicou o caminho a seguir. Trata-se de fazer quatro coisas, segundo ele: tudo mais simples, mais flexível, mais compatível e mais rápido. Parece a coisa mais fácil do mundo. Mas quem lida diariamente com computadores sabe que ainda há muito a fazer para que essa visão se torne realidade.

Bematech reclama da duração da feira

Emilio Machade von der Firma Bematech - CeBIT 2002
Emílio Machado, da Bematech
Para as empresas brasileiras Bematech, de Curitiba, e Perto S.A., do Rio Grande do Sul, a CeBIT valeu a pena, apesar do menor número de visitantes. Ambas tiveram stands no pavilhão 18 da feira, dedicado à automação bancária. A Bematech também manteve outro, de automação comercial. A principal reclamação de seu responsável pelas vendas internacionais, Emílio Machado, se refere à duração da feira, que de sete dias aumentou para oito. Isso encarece a participação dos expositores estrangeiros. Com os custos de passagens e acomodação de funcionários, um stand não fica por menos de 30 mil dólares.

A empresa brasileira que quiser participar da feira deve ter isso em conta. Emilio Machado só recomendaria uma participação às firmas competentes e estabelecidas, com produtos competitivos. E considera que ainda há muito preconceito, descrença quanto à atuação de empresas brasileiras no setor de técnicas de informação e software, o que justificaria a demora de darem certo os primeiros projetos.

A brecha que a Bematech encontrou no mercado foi a customização, a adaptação do produto às necessidades do cliente e o seu desenvolvimento sob medida. Isso é ideal para empresas de porte médio, que não são atendidas pelas grandes firmas internacionais.

A Bematech conseguiu concluir alguns projetos iniciados no ano passado e, se em 2001 encontrou uma empresa para distribuir seus produtos na Europa, este ano vai fechar, nas próximas semanas, um contrato com ela para comercialização nos primeiros países da Europa. No segundo semestre, a empresa pretende abrir uma subsidiária na Europa.

Perto aproveitou feira para contatos

"A feira foi fantástica, tivemos muitas oportunidades, como todos os anos", avaliou César Franceschi, da Perto, que já participa da CeBIT com stand próprio há três anos. O importante na feira para a empresa gaúcha não são os pedidos e sim as relações estabelecidas com os clientes e novos interessados, geralmente empresas que pretendem usar os produtos da Perto na sua linha de produção.

Durante a CeBIT foram iniciados alguns projetos com firmas da Índia, Finlândia e Alemanha. Com sua tecnologia, a Perto sempre traz à feira produtos com características inovadoras, que não se acha na Europa, segundo Franceschi.

"Nosso know how de automação bancária é muito grande. O mercado brasileiro exige um bom nível de tecnologia, pois é muito avançado na área de auto-atendimento bancário – talvez um dos mais avançados do mundo. Os bancos são muito exigentes, têm requisitos de segurança muito altos, em virtude do alto índice de fraudes e roubos. Então, o nível de segurança e de qualidade do equipamento é muito bom e a partir de todo esse background do mercado brasileiro, temos tudo para atingir o mercado internacional", diz o representante da empresa gaúcha, que tem mecanismos seus em 50% dos caixas automáticos no Brasil.