Verdes multiculturais
15 de novembro de 2008Na convenção do Partido Verde, que acontece até domingo (16/11), em Erfurt, no leste alemão, Cem Özdemir foi eleito, com 80% dos votos dos delegados, à presidência da facção. O caminho até a eleição não foi, no entanto, fácil para o político de 42 anos, que embora tenha nascido e sempre vivido na Alemanha, seja cidadão alemão e pai de dois filhos nascidos no país (com sua mulher argentina), é considerado "de origem migratória" por ser filho de pais turcos.
Além de ser o primeiro descendente de imigrantes a assumir a liderança de um grande partido político alemão, Özdemir é também o primeiro muçulmano a ocupar tal cargo. Em 1994, foi o primeiro deputado de origem turca a ocupar uma cadeira no Bundestag, onde se empenhou principalmente em prol de questões ligadas à integração de estrangeiros no país.
Obstáculos
Até ser nomeado neste sábado (15/11) para assumir a liderança de seu partido, o político teve que passar bons pedaços. Há poucas semanas, recebeu um "chega para lá" do próprio partido no estado de Baden-Württemberg. Ele se candidatou à uma lista interna para as eleições de 2009 e foi preterido pelos próprios correligionários.
Irritado com o ocorrido, Özdemir, no entanto, não retirou sua candidatura à presidência do partido, do qual é filiado há nada menos que 25 anos.
Segundo as regras dos Verdes, quem assume a presidência, sempre dividida por duas pessoas, é obrigado a abdicar do próprio mandato parlamentar. Özdemir, que dentro do partido pertence aos "realos" (ala realista que difere da outra, mais ortodoxa), terá certamente que se acostumar primeiro com o cargo de representação, sem o poder direto de uma cadeira no parlamento.
Mais protesto
Em seu discurso de posse como novo líder dos Verdes, o recém-eleito Özdemir conclamou o partido a se posicionar com mais veemência como uma facção "de protesto", se ocupando mais dos adversários políticos e menos de questões internas.
Afinal, salientou o político que ainda é deputado no Parlamento Europeu, os Verdes sempre ocuparam uma posição de vanguarda ao "debater os temas do futuro". O partido foi, por exemplo, a primeira facção a se voltar, há décadas, para questões relacionadas ao meio ambiente, hoje tão populares.
Tanto Özdemir quanto Claudia Roth, co-líder verde reeleita neste sábado, afirmaram que os outros partidos com os quais os Verdes podem selar coalizões são ainda uma questão em aberto. Uma possível aliança com A Esquerda, no entanto, foi rechaçada de antemão por Roth.