Cerco à Universidade de Hong Kong caminha para o fim
26 de novembro de 2019Os responsáveis da Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU) declararam nesta terça-feira (26/11) que inspecionaram todo o campus e encontraram apenas uma pessoa ainda entrincheirada, sinalizando que o cerco policial ao local, que já dura dez dias, pode estar próximo do fim.
"Procuramos sistematicamente todo o campus e encontramos apenas um manifestante no prédio da associação de estudantes", afirmou à imprensa o vice-presidente da universidade, Wai Ping-kong.
A comissão de mais de 50 pessoas que fez a varredura não teve a participação de policiais.
A universidade, localizada na Península de Kowloon, foi palco em 16 e 17 de novembro do mais longo confronto entre polícias e manifestantes radicais desde o início da mobilização pró-democracia em junho.
Centenas de manifestantes deixaram depois a PolyU. A maioria rendeu-se antes de ser detida pela polícia, enquanto outros conseguiram escapar por meio de cordas ou pelos esgotos. Dezenas de outras pessoas escolheram esconder-se no campus, que foi cercado pela polícia.
De acordo com o vice-presidente da universidade, a única pessoa que ainda permanece no campus é uma jovem de mais de 18 anos que não é estudante da PolyU. Recusando-se a dar mais detalhes, Wai Ping-kong disse que tentou convencê-la a sair.
Sem saber quantos manifestantes ainda permaneciam entrincheirados, a universidade enviou equipes para procurá-los. Uma vez inspecionadas, as portas dos quartos e salas foram seladas.
Questionado sobre uma possível intervenção policial para evacuar o campus, Wai disse que não recebeu nenhuma informação sobre o assunto. Já a polícia não quis comentar o assunto.
A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, já havia apelado hoje, durante a sua conferência de imprensa semanal, aos manifestantes entrincheirados na PolyU que se rendessem pacificamente à polícia.
Na semana passada, Carrie Lam prometeu que os manifestantes menores de idade detidos pela polícia não seriam processados, mas seriam iniciadas investigações contra os adultos.
A agitação política e social em Hong Kong começou em junho com protestos contra uma proposta de lei que permitiria a extradição de suspeitos de crimes em Hong Kong para a China continental. Embora o projeto tenha sido posteriormente engavetado, os protestos acabaram se transformando num movimento mais amplo contra o governo pró-Pequim do território, com demandas por mais democracia direta e a instalação de um inquérito independente para apurar brutalidade policial.
As manifestações de massa paralisaram o governo local e fecharam empresas e escolas, na pior crise política do território em décadas.
JPS/lusa/ots
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