Chefes estrangeiros lutam com diferenças culturais
1 de setembro de 2004Ali Haydar Berkpinar nasceu e cresceu na Turquia. Quando sua família decidiu emigrar para Frankfurt, Ali estava ainda no período escolar. Hoje ele é chefe da representação alemã da fabricante de automóveis turca Tofas. Mas, mesmo após tanto tempo vivendo e trabalhando na capital financeira alemã, Ali ainda se sente ligado à Turquia. "No sentido material, me sinto alemão. Mas cultural e emocionalmente eu citaria a Turquia em segundo lugar".
O palestino Maximilian Jaber vive uma situação semelhante. Ele é presidente da Concave, uma empresa de consultoria em tecnologia da informação de Düsseldorf. Entre seus clientes, estão os governos de Barein e dos Emirados Árabes Unidos, bem como a Secretaria do Trabalho do Estado alemão de Baden-Württemberg e a Câmara da Indústria e Comércio de Dortmund. Jaber também se considera entre duas culturas: "Penso como um alemão, mas me vejo como cidadão internacional", explica. "Mas, quando se trata de sentimentos, aí eu sou o árabe sentimental. Bem palestino."
Hoje existem cerca de 60 mil empresas de origem turca na Alemanha – e elas não vendem apenas legumes ou comidas típicas. Muitos turcos são hoje grandes empresários, como Vural Öger, dono da rede de agências de turismo Öger Tours, de Hamburgo, e o empresário têxtil Kemal Sahin, de Aachen. Ao todo, eles movimentam anualmente cerca de 30 bilhões de euros e empregam mais de 350 mil funcionários, inclusive alemães.
Pontualidade x flexibilidade
Para ajudar empresários estrangeiros a solucionar problemas administrativos, há diversas organizações, como a União Teuto-Arábica do Comércio e Indústria, em Berlim, ou a recém-fundada Câmara Turco-Alemã do Comércio e Indústria, em Colônia. Mas como lidar com diferenças no nível cultural?
Problemas de integração já são coisas do passado para Berkpinar e Jaber. Afinal, quem quiser fazer bons negócios na Alemanha não pode se fechar à sociedade onde vive. Mas ambos admitem que existem diferenças de mentalidade. "O que eu considero alemão são a pontualidade e a confiança", disse Berkpinar. "Já a flexibilidade na prestação de serviços – isso eu considero turco."
Para Jaber, sua condição multicultural é uma vantagem nos negócios. "Eu penso um pouco mais globalmente e levo circunstâncias culturais mais em consideração."
Diferenças religiosas são problemáticas
Mas muitos funcionários muçulmanos, por exemplo, reclamam que não podem rezar no ambiente de trabalho. Berkpinar também é muçulmano, mas é contra religião no trabalho. "Os alemães também não rezam no trabalho", argumenta. "Se eles querem rezar, que vão à igreja – e isso eles podem fazer em seu tempo livre. Não no trabalho."
Maximilian Jaber é mais compreensivo. Na sua opinião, uma empresa moderna deveria considerar as necessidades religiosas de seus empregados. Mas mesmo assim: "Organizar um espaço só para orações seria demais. As empresas já têm muito com que se preocupar na Alemanha", argumenta Jaber. "Se os funcionários querem rezar, eles podem escolher um local qualquer na empresa e fazer isso ali mesmo."