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Estratégia chinesa

6 de agosto de 2010

Os recursos são direcionados de tal maneira que o país se beneficie mais rapidamente: matérias-primas e aquisição de marcas já estabelecidas internacionalmente são algumas das táticas chinesas.

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Ganhos chineses no mercado externo crescemFoto: picture-alliance / Newscom

A fabricante chinesa de carros Geely acaba de assumir a tradicional marca sueca Volvo. Os chineses pagaram 1,5 bilhão de dólares pela montadora, que estava sob controle da norte-americana Ford. Mas a aquisição da Volvo é apenas a mais recente na lista dos investimentos bilionários feitos pela China no exterior.

No caso da China, é válido analisar esse desenvolvimento sob uma perspectiva histórica. Há quase dois séculos, em 1820 – a dinastia Qing ainda estava em seu auge –, a participação chinesa no Produto Interno Bruto (PIB) global era superior a 30%, segundo cálculos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Em 1978, antes do início da reforma chinesa e da abertura política, essa taxa era de apenas 5%.

Nesse ínterim, a China parece estar no melhor caminho para reconquistar sua posição como potência econômica. Nas últimas três décadas, o mundo viveu uma recuperação econômica sem precedentes, com um crescimento médio anual da China em torno dos 10%.

Presença no exterior

A trajetória do país o colocou entre os maiores exportadores mundiais. O superávit na balança comercial chinesa no ano passado foi de 200 bilhões de dólares. As reservas de divisas atingiam 2,4 trilhões de dólares no final de julho último, segundo o Bank of China, que age como Banco Central chinês.

Grande parte das divisas está investida em fundos públicos, especialmente dos Estados Unidos. Mas a China também usa essas reservas para fortalecer sua presença global. Em 2009, as empresas chinesas investiram aproximadamente 50 bilhões de dólares no exterior.

A crise financeira mundial fez com que os compradores em potencial aguardassem o melhor momento para fechar negócios mais baratos e rentáveis em longo prazo. E a China dá atenção especial à garantia de matéria-prima para suprir a demanda da sua economia em crescimento. No topo da lista chinesa de compras sempre estão empresas de petróleo e gás, seguidas por mineradoras.

A China está se mostrando criativa no que diz respeito a investimentos em países em desenvolvimento. Justamente na África, os negócios se calcam na troca entre desenvolvimento de infraestrutura por matéria-prima: a China constrói estradas, portos, linhas férreas e, com isso, obtém ferro, cobre e petróleo. Foi assim que os investimentos chineses na África, continente rico em matérias-primas, subiram 75% em 2008.

Geely Volvo Deal NO FLASH
Negócio fechado: chinesa Geely assume VolvoFoto: picture-alliance/Photoshot

Efeitos internos

Ao mesmo tempo, a China usa seus investimentos para desenvolver ainda mais a própria economia: para a China já não basta mais ser o centro de produção de empresas ocidentais. Os chineses querem agora lucrar com suas próprias marcas no mercado global.

Com produtos mais baratos, a China lidera o mercado em muitas áreas. Mas as marcas ocidentais ainda dominam segmentos de mercadorias mais caras, com qualidade superior e com margens atrativas de lucros. A consolidação de uma marca, no entanto, leva tempo. Por esse motivo, é melhor, e mais fácil, comprar uma marca. É com essa estratégia que a montadora chinesa Geely poderá, com a compra da Volvo, galgar posições junto à "classe premium".

A compra de empresas ocidentais também oferece a chance de aquisição de know-how tecnológico. E isso não se restringe à obtenção de patentes, mas também traz a possibilidade de os engenheiros ganharem e ampliarem sua excelência.

Outra vantagem dos investimentos no exterior: a exploração de mercados externos por meio de empresas e redes de serviços já estabelecidas. Voltando ao exemplo da Geely: com a aquisição da Volvo, a chinesa pode tirar proveito não apenas da rede de concessionárias, mas também da relação dos clientes de longa data.

Com sua estratégia de investimento, a China cria possibilidades para fabricar produtos a todos os mercados do mundo, e para todos os segmentos. Algumas empresas conseguirão dar o salto de qualidade. Por outro lado, uma grande quantidade de fabricantes de réplicas e produtos baratos de qualidade duvidosa deverá continuar tendo clientela suficiente.

Autor: Matthias von Hein (np)
Revisão: Roselaine Wandscheer