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Chip decifra sinais do cérebro

(gh)26 de março de 2003

Pesquisadores da Infineon e do Instituto Max Planck desenvolvem chip que capta sinais dos neurônios e pode ajudar a entender enfermidades incuráveis, como a doença de Alzheimer.

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Neurônio de lesma usado no desenvolvimento do neurochipFoto: : Max-Planck-Institut für Biochemie, Infineon Technologies

O novo chip biossensor, que acaba de ser apresentado em Munique, possibilita a comunicação entre neurônios e o computador. O chamado neurochip, desenvolvido pela fabricante de semicondutores Infineon e o Instituto Max Planck, capta sinais elétricos de células nervosas de animais e os transmite para um processador eletrônico.

Segundo Roland Thewes, do departamento de pesquisa básica da Infineon, desta forma é possível analisar o funcionamento das células nervosas, como, por exemplo, o armazenamento de informações no cérebro.

No neurochip, de 30mm2, foram fixados cerca de 16.400 sensores por milímetro quadrado, que ampliam os fracos sinais dos neurônios. Assim, cada célula nervosa encosta em pelo menos um sensor, explica Thewes. A distância entre os sensores é de apenas oito milésimos de milímetro. Eles têm um diâmetro menor do que o de um neurônio, que varia entre dez e 50 milésimos de milímetro. Cada sensor pode gravar mais de dois mil valores por segundo.

As medições não ferem os neurônios, explica Thewes. No campo de sensores, eles permanecem vivos e podem voltar a formar redes. Nas experiências de laboratório, foram usadas células nervosas de um determinado tipo de lesma e de ratazanas.

Medicina - Com a ajuda desses dados, neurobiólogos podem analisar, por exemplo, a reação de células individuais ou grupos de células a simulações ou a determinadas substâncias. Segundo Thewes, os cientistas apostam na capacidade de processamento do chip para entender o emaranhado cérebro humano, onde mais de 100 bilhões de neurônios se comunicam constantemente. Desta forma, talvez, seja possível decifrar doenças incuráveis, como Alzheimer - enfermidade que destrói as células nervosas, principamente na velhice.

Thewes acredita também que o neurochip poderá ser útil à análise de células doentes do miocárdio ou de tumores cancerígenos. A nova tecnologia poderá viabilizar ainda testes mais precisos dos efeitos de novos medicamentos. "A ferramente neurochip agora precisa continuar sendo desenvolvida para a aplicação concreta", diz.

Os pesquisadores da Infineon e do Instituto Max Planck de Bioquímica, em Martinsried, próximo a Munique, trabalharam dois anos e meio no desenvolvimento do novo chip. A pesquisa básica para este fim já vinha sendo realizada há cerca de dez anos.