Chovem críticas a Schröder & Co.
31 de outubro de 2002A oposição acusou o governo de coalizão entre social-democratas e verdes de incompetência e de quebrar promessas eleitorais. Para o vice-líder da bancada democrata-cristã, Friedrich Merz, o governo vai paralisar a economia com intervenções excessivas do Estado. "Os principais problemas na Alemanha não têm nada a ver com a economia mundial, têm sua origem aqui", disse Merz nesta quarta-feira (30).
Estado contra iniciativa privada
Ele falou após o novo superministro Wolfgang Clement, da Economia e do Trabalho, que tratou de infundir otimismo no plenário. Seu discurso aponta para uma "economia estatal com o encolhimento da iniciativa privada", retrucou Merz, chamando a atenção para o perigo de a chamada quota estatal - a soma dos impostos e contribuições sociais - tornar a ultrapassar os 50%.
À economia alemã falta a "dinâmica para criar empregos sem a dependência de ajuda estatal". O político do maior partido de oposição exigiu regras mais flexíveis no mercado de trabalho. Entre outras coisas, sugeriu acordos salariais fora do esquema rígido dos contratos coletivos de trabalho.
As entidades representativas do empresariado alemão também criticaram severamente a declaração de governo. Schröder não teria conseguido "corrigir os terríveis efeitos do acordo de coalizão sobre a iniciativa privada", nem "apresentar perspectivas encorajadoras às empresas, afirmam a Confederação das Indústrias Alemãs (BDI) e mais três organizações, em comunicado conjunto.
Política na contramão do crescimento
Schröder afirma que sua intenção é fortalecer o crescimento econômico. No entanto, as medidas anunciadas até agora terão justamente "o efeito contrário sobre as empresas". Os inúmeros aumentos de impostos para tapar os buracos do orçamento representariam mais uma carga adicional, "ignorando as necessidades e inter-relações econômicas. As propostas da Comissão Hartz para racionalizar as atividades do Departamento Federal do Trabalho e agilizar a colocação de desempregados foram a única medida parcialmente bem recebida pelo setor privado.
Para Martin Wansleben, diretor executivo da Confederação de Câmaras da Indústria e Comércio (DIHK), a declaração de Schröder, foi "um mau começo", pior que quatro anos atrás, quando o chanceler iniciou sua primeira gestão. Não haveria nenhuma desculpa de que o governo precisa de um tempo para coordenar suas forças, nem de que não sabia como anda a conjuntura, disse Wansleben a à agência econômica alemã VWD. "O que nos assusta é a falta completa de uma concepção", fulminou. Referindo-se ao imposto mínimo para grandes empresas, o diretor executivo da DIHK exigiu que o governo volte atrás no tocante à amortização de prejuízos. De acordo com as novas determinações, a amortização perderá o efeito de diminuir a carga fiscal.
A chance perdida
A coalizão de governo perdeu uma grande chance, ao abrir mão de reformas urgentemente necessárias, e piorou as condições para se produzir na Alemanha, segundo Ludwig Georg Braun, presidente da DIHK. "Poucos esforços para cortar gastos no orçamento e falta completa de idéias para reformar o sistema social", disse Braun, comentando o programa econômico.
Em seu primeiro discurso como ministro, o ex-governador Wolfgang Clement conclamou a uma "aliança pela renovação", depois de reconhecer que a situação econômica no momento não é nada fácil. Ele conta com um crescimento econômico entre 1,4% e 1,7% em 2003, embora oficialmente o governo ainda não tenha invalidado sua previsão anterior de 2,5%.
O ministro das Finanças, Hans Eichel, na mira das críticas por sua política de austeridade, defendeu a necessidade de equilibrar o orçamento a médio prazo. Mas reconheceu que muitas mudanças, principalmente a abolição de alguns privilégios e facilidades fiscais, irão sobrecarregar o contribuinte. Os buracos no orçamento seriam devido à conjuntura fraca.