'Modelos atuais estão errados'
29 de novembro de 2007Quando não está falando com jornalistas, explica Richard Lindzen em seu escritório no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Boston, ele pesquisa, por exemplo, que influência as nuvens e o vapor d'água têm sobre o clima. Esses fatores, na opinião do professor da disciplina de Meteorologia, também influenciam a temperatura global.
Exatamente como isso acontece, ainda não teria sido suficientemente esclarecido. Por essa razão, o resultado de tais estudos não foi ainda de fato considerado nos modelos que prevêem um dramático aquecimento global.
Essa é a principal crítica de Lindzen aos alertas sobre uma catástrofe climática mundial. Ele se baseia em pesquisas feitas no Japão e na Europa, segundo as quais os atuais modelos climáticos não poderiam estar corretos. "Quando os utilizamos para uma previsão do tempo, eles já deixam de funcionar mesmo num espaço de tempo de horas e dias. Eles desmoronam imediatamente."
Com a temperatura, aumenta a prosperidade
A principal conclusão que Lindzen tira disso é que as previsões de um aumento médio global da temperatura de 2 a 4,5 graus são muito altas. Ele calcula um aumento de temperatura de 0,5 grau se a proporção de CO2 na atmosfera duplicar. E isso, afirma Lindzen, não seria uma catástrofe, mas uma vantagem para todos. "Sempre que, na Terra, ficou um pouco mais quente, houve menos epidemias, menos fome e um aumento geral da prosperidade", diz o professor.
Um bom exemplo disso seria a Idade Média na Europa. Os atuais pesquisadores climáticos denominariam os períodos mais quentes do passado como "climas ideais", comenta Lindzen. "Somente há pouco desenvolvemos medo do calor – a não ser quando nos aposentamos, então nos mudamos para onde é quente", explica ele rindo.
Propaganda de mau gosto?
O professor de 67 anos com barba grisalha e testa alta é bastante risonho. Na escolha de palavras, no entanto, ele é menos gentil. Mostrar a alunos de escola uma geleira como exemplo do aquecimento global, como acontece na Inglaterra, seria "propaganda" e "de mau gosto". "Isso não se faz com crianças que nem mesmo entendem do que se trata", acrescenta Lindzen.
Ele diz que as geleiras são complexas, estão sujeitas à temperatura local e estão derretendo desde o século 18. Também nesse caso as nuvens exerceriam alguma influência – mas ainda não foi pesquisado que tipo de influência.
Todos agem segundo seus interesses
Na opinião de Lindzen, todos tentam, no atual debate sobre o aquecimento global, tirar o melhor para si. "O movimento de proteção ambiental o vê como uma boa possibilidade de angariar contribuições e como um problema com o qual suas bases de negócios nunca acabariam. A vaidade dos políticos lhes diz que salvar o mundo seria uma intenção nobre."
Mesmo as companhias energéticas se engajariam porque perceberiam aí novas possibilidades de negócios. E Al Gore exige um bom cachê quando faz uma palestra com seu discurso de ganhador do Oscar, ironiza Lindzen.
Ou seja, tudo uma grande conspiração? Não, diz o cientista, e expõe seu ponto de vista de que, numa sociedade, as coisas não acontecem porque há pessoas ou uma idéia por trás delas, mas porque os interesses de diferentes grupos – de forma freqüentemente inconsciente – conduzem a uma determinada direção.
Por exemplo, ele afirma que é do interesse dos países industrializados que os padrões de vida dos países em desenvolvimento não cheguem muito perto de seus próprios padrões. Os países emergentes entenderiam essa lógica muito bem. "Eu quero dizer que, depois de tantas gerações na pobreza, a Índia e a China não devem parar sua industrialização somente porque a Europa entra em pânico por causa de meio grau – isso é uma loucura", diz Lindzen. E ri.