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Cinderela de chuteiras: um musical

av21 de abril de 2004

A associação humanitária Agora e a Secretaria de Educação e Cultura da Baviera promovem uma ópera-rock sobre crianças carentes e futebol, com estréia na Copa do Mundo 2006. Ainda faltam um compositor e um libretista.

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Pelé (dir.) é um dos modelos para a ópera-rock muniquenseFoto: AP

Um garoto de rua consegue novas perspectivas para sua vida, através de um talento extraordinário para a música ou para o futebol. Muitos "pivetes" da América do Sul gostariam que sua história tivesse um final assim feliz. E com eles, não só os políticos locais como muita gente no Primeiro Mundo: não haveria remédio mais cômodo para o peso na consciência.

E, no entanto, foi mais ou menos assim a história de craques como Pelé, Maradona ou Ronaldo. A partir dessa visão ingênua, com um toque de Cinderela, o jornalista Norbert Stahl teve a idéia de um musical. Há muito tempo ele acompanha o trabalho da iniciativa Agora. Sediada em Munique, a associação dirigida por Ernesto Baumann ocupa-se há quase 50 anos dos menores carentes do Terceiro Mundo. Através da venda de produtos naturais, ela financia projetos no Brasil e na Venezuela.

Inspiração espontânea

Já em 1990, após um concerto beneficente para a Agora, Stahl teve a inspiração para uma ópera-rock sobre garotos em situação de rua e futebol. Na época, ele esboçou uma trama, que revisou recentemente. Ao saber da idéia, a secretária da Educação e Cultura da Baviera, Monika Hohlmeier, entusiasmou-se imediatamente por ela. Como uma dos responsáveis pelo programa cultural que acompanhará a Copa do Mundo 2006, esta pareceu-lhe uma excelente maneira de apresentar o Estado da Baviera aos fãs do futebol de todo o mundo.

Para a secretária, o importante é que a história de ascensão social seja combinada com o fascínio do futebol de maneira ao mesmo tempo artística e divertida. Parte da bilheteria dos shows irá, além disso, para organizações humanitárias, assim como os lucros com a venda do planejado CD. Até mesmo um filme já está sendo cogitado.

Para Baumann, este é o principal motivo para se empenhar pelo musical. Pois para o professor de Religião aposentado, os menores carentes são prioridade absoluta. E ele já recebeu uma primeira reação positiva do teólogo da libertação Leonardo Boff ao projeto.

O ganhador do Prêmio Nobel Alternativo lamenta o número crescente de crianças abandonadas e pobres em todo o mundo. E como cada vez mais pessoas se sentem mal numa comunidade mundial "que se orienta mais pela concorrência do que pela cooperação, mais pelos valores materiais do que pelos espirituais", censura Boff.

Procura-se compositor

No momento, ainda faltam um compositor e um libretista, para que se dê o pontapé inicial ao ambicioso projeto. A Secretaria bávara da Cultura revelou à DW-WORLD que já há negociações com figuras importantes da cena internacional dos musicais. Ainda assim será lançado um concurso aberto no final de maio.

A Escola Superior de Música e Teatro de Munique estará envolvida na ópera futebolística, assim como professores e alunos do Liverpool Institute for Performing Arts, fundado por Paul McCartney e Mark Featherstone-Witty. Já está também certo que a Orquestra Nacional Infantil da Venezuela participará do projeto.

Assim como os protagonistas do musical, a maioria dos jovens instrumentistas venezuelanos provém de famílias desfavorecidas. A Agora apóia há bastante tempo o movimento de orquestras-mirins naquele país sul-americano, cuidando para que as crianças tenham instrumentos e aulas de música. Entre as demais iniciativas da associação humanitária está a organização de direitos humanos CDDH, em Petrópolis, Rio de Janeiro.