Cinema da República de Weimar
Exposição "Cinema do Modernismo – O filme na República de Weimar" na Bundeskunsthalle de Bonn mostra obras de período em que Alemanha se tornou centro da Sétima Arte, e que influencia até hoje diretores em todo o mundo.
Raras cores
Os filmes em preto e branco dominaram a época. E assim também é a maioria dos itens da exposição "Kino der Moderne – Film in der Weimarer Republik" ("Cinema do Modernismo – O filme na República de Weimar"), até 24 de março de 2019 no espaço de exposições Bundeskunsthalle, em Bonn. O cartaz de "Nosferatu" mostra que os designers de pôsteres tiveram mais sorte, já podendo trabalhar com cores.
Todos em Berlim
O cinema da República de Weimar fez da Alemanha o centro da Sétima Arte, tendo apenas Hollywood como concorrente. Estrelas do cinema europeu vieram principalmente para Berlim. Da Dinamarca, por exemplo, Asta Nielsen. Em 1927, ela interpretou uma prostituta envelhecida no filme "A tragédia da rua", abordando um tema que chamava atenção para grupos marginais.
Tempo de ousadia
A República de Weimar foi a época do cinema de vanguardas. A vida moderna urbana inspirou inúmeros artistas e cineastas a experimentações. Hans Richter, também conhecido como artista plástico e fotógrafo, rodou um curta-metragem experimental que simplesmente chamou de "Estudo de cinema". Richter transformou fotografias, cenas reais e animação numa colagem arrojada.
Mutantes papéis de gênero
Na República de Weimar também romperam-se noções tradicionais do papel de gênero – pelo menos nos círculos boêmio e artístico. Estrelas de cinema e teatro como Marlene Dietrich e Elisabeth Bergner (foto) brincavam abertamente com clichês de masculino/feminino. A esse respeito, a década de 1920 antecipou muitas coisas – que depois se tornaram novamente um tabu por muito tempo, a partir de 1933.
Participação infantil
Os diretores e roteiristas da época voltaram os olhares para diferentes meios e estratos sociais. E não apenas no mundo dos adultos: as crianças também foram para a frente das câmeras. Ainda hoje, vale a pena ver a primeira filmagem do livro de Erich Kästner "Terrível armada", de Gerhard Lamprecht, que ensaia aqui em 1931 com os atores infantis.
Cada vez mais rápido
Na época, o tema da mobilidade abrangia toda a Europa. Além das artes plásticas, o cinema foi o meio ideal para mostrar as novas possibilidades da locomoção rápida. Automóveis apareciam de repente nas telas – e passavam a fazer parte do elenco. O filme "Atenção! Amor! Perigo de vida!" (1929, foto) foi um dos primeiros a abordar o tema do automobilismo.
Forças da natureza
Durante a República de Weimar, foram feitos muitos filmes em que urbanidade, velocidade e progresso foram capturados na tela. Mas ao mesmo tempo surgiu algo como um contramovimento. A natureza foi retratada em todas as suas facetas. Particularmente impressionantes eram as paisagens montanhosas que o diretor Arnold Fanck apresentou ao público em seus dramas alpinos.
Pessoas no domingo
O equilíbrio entre a vida na cidade e o idílio da natureza resultou num dos filmes mais famosos da República de Weimar: "Gente no domingo". A obra semidocumental, que marcou mais tarde o trabalho de diretores famosos como Billy Wilder, Robert Siodmak e Fred Zinnemann, mostrava um grupo de jovens em suas horas de lazer, no lago Wannsee em Berlim.
Interesse político
Cedo, a política reconheceu o poder que emanava do cinema. Esta foto de 1920 mostra o primeiro presidente da República de Weimar, Friedrich Ebert, nas filmagens de "Ana Bolena", de Ernst Lubitsch, junto às estrelas Henny Porten e Emil Jannings. Com a ascensão do nazismo, mais de uma década depois, o cinema tornou-se um poderoso instrumento de propaganda.
Culto do esporte e do corpo
O filme cult "Caminhos da força e da beleza", de Wilhelm Prager, foi posteriormente interpretado como pioneiro da estética nazista, tendo influenciado Leni Riefenstahl. Na estreia em 1926, no entanto, ele provocou reações positivas. O filme explorava a relação das pessoas com o corpo e quis dar impulsos a uma vida saudável, com referências da Antiguidade.
Prazer e vício
Hoje, a década de 1920 também é considerada um símbolo de uma sociedade ávida por diversão. Especialmente a Berlim daqueles anos é vista como uma "dança no vulcão". Uma visão que procede, mas também ignora muitos aspectos da vida das pessoas normais. Filmes como "Diário de uma garota perdida", com as estrelas Louise Brooks e Speedy Schlichter (foto), contribuíram para essa imagem.
Delírio de imagens
É indiscutível que o cinema alemão fez grandes conquistas durante a República de Weimar. Surgiram numerosas obras-primas com influência significativa em diretores de todo o mundo, até hoje. Entre outros, o trabalho dos figurinistas dos grandes estúdios de Berlim também marcou época: aqui se veem três senhoras do "Eterno Jardim de Delícias" do clássico de Fritz Lang "Metrópolis".
Preto, branco, sombra e luz
Além de épicos monumentais como "Metrópolis" e "Os Nibelungos", sobretudo os filmes expressionistas ainda estão entre os marcos da história do cinema atual. Obras-primas como "M, o vampiro de Düsseldorf", de Fritz Lang, desenvolveram suas histórias com uma impressionante linguagem visual que se concentrava em sombras e fortes contrastes.