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Com Steinmeier, um "velho conhecido" retorna ao Ministério do Exterior

Nina Werkhäuser / Marcio Damasceno19 de dezembro de 2013

Social-democrata volta a responder pelo Ministério do Exterior alemão, que chefiou na primeira gestão de Merkel. No topo da lista de prioridades, a situação na Ucrânia.

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Frank-Walter Steinmeier Außenminister
Foto: picture-alliance/dpa

Frank-Walter Steinmeier voltou nesta semana ao seu antigo local de trabalho, quatro anos depois de deixar Ministério do Exterior em Berlim. Ao tomar posse, o social-democrata de 57 anos afirmou ser um "privilégio" poder representar novamente a diplomacia da Alemanha.

Ele retorna a um campo que conhece muito bem. Os principais temas do período em que esteve à frente da pasta, entre 2005 e 2009, continuam todos em pauta. A crise do euro, o Oriente Médio, a disputa nuclear com o Irã, e o Afeganistão.

As novidades são os levantes no mundo árabe, do Egito à Síria (onde Steinmeier teve que assistir ao fracasso de sua política de relaxamento em relação ao regime de Bashar al-Assad) e o caso da espionagem americana. Mas Steinmeier, que vinha se destacando nos últimos anos como um dos líderes da oposição, está familiarizado com todos esses temas.

No topo da agenda do novo ministro alemão do Exterior está a situação na Ucrânia, onde os manifestantes há semanas pedem uma aproximação mais estreita com a União Europeia. Steinmeier já questionou se a ex-república soviética não estaria sendo pressionada demais, ao ser obrigada a se decidir entre a Rússia e a Europa. Ele afirma que o Ocidente talvez tenha subestimado a determinação de Moscou em impedir a adesão ucraniana ao bloco.

Na disputa em curso na Ucrânia, a palavra da Alemanha pode desempenhar um peso especial. Um dos líderes da oposição ucraniana, Vitali Klitschko, propôs que Steinmeier assuma a mediação do conflito, o que o alemão descartou. Muitos na Europa esperam que Berlim lidere uma estratégia de negociação, com especial atenção ao modo como se deve lidar com a Rússia.

Entre os políticos alemães, Steinmeier é visto como aquele que melhor consegue se relacionar com o presidente Vladimir Putin. Assim, o político social-democrata pode ser importante num período em que as relações entre Berlim e Moscou atravessam um processo de incerteza.

Putin trifft Steinmeier im Kreml
Steinmeier com Putin, em 2007: boas relações com presidente russoFoto: picture-alliance / dpa

"Contenção militar" deve continuar

As diferenças com o governo dos últimos quatro anos não são muito grandes em se tratando de política exterior. Ao olharem para o resto do mundo, social-democratas e conservadores concordam na maioria das vezes.

As coordenadas básicas já estão traçadas. Entre as principais prioridades da política externa alemã estão a integração europeia e a parceria transatlântica com os EUA. Em seu discurso de posse, Steinmeier ressaltou que, na política externa, continuidade é importante, mas que a "mera invocação da mesmice não vai ser suficiente no futuro".

Por outro lado, o social-democrata elogiou seu antecessor, Guido Westerwelle, por rejeitar o poder bélico como meio de pressão internacional e privilegiar uma "cultura de contenção militar". Nos últimos anos, a Alemanha continuou optando por se manter na retaguarda em conflitos externos, como na Líbia e na Síria. E, nisso, nada deve mudar.

O contrato de coalizão entre conservadores e social-democratas não contém surpresas no capítulo sobre política externa. França e Polônia são destacados pelo texto como vizinhos particularmente importantes. Os EUA são considerados uma "chave para a liberdade, segurança e prosperidade para todos". Mas também é destacado que a coalizão tem esperanças de que Washington restaure a confiança perdida pelo escândalo de espionagem da NSA e que respeite a privacidade dos alemães. Um importante projeto é o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos.

Amtsantritt im Auswärtigen Amt Frank-Walter Steinmeier
Steinmeier e antecessor, Guido Westerwelle, na cerimônia de posse do social-democrataFoto: JOHN MACDOUGALL/AFP/Getty Images

O Brasil é citado na parte dedicada a relações com África e América Latina, onde a nova coalizão governamental alemã assegura que deseja ampliar "a parceria estratégica" com o país.

Harmonia com Merkel

Na primeira gestão de Merkel, o relacionamento dela com seu ministro do Exterior foi, em maior parte, harmonioso. Muito raramente houve discordâncias. Uma delas se deu quando a chefe de governo alemã recebeu o Dalai Lama, o que Steinmeier criticou como uma provocação desnecessária ao governo chinês. A ligação entre ambos continuou tão amistosa que, durante a campanha para as eleições parlamentares de 2009, Steinmeier, então candidato a chanceler federal pelo SPD, limitou-se a atacar a adversária com luvas de pelica.

Entretanto, as relações de poder internas da grande coalizão ainda não foram totalmente esclarecidas. Além de Merkel, outra mulher de temperamento forte deverá querer influenciar a política externa alemã: a nova ministra da Defesa, Ursula von der Leyen − uma democrata-cristã, que também teria tido ambição de chefiar a pasta do Exterior. Por isso, alguns analistas acreditam que conflitos internos podem estar a caminho.