Combates em Damasco geraram até 30 mil refugiados em 48 horas, calcula ONU
21 de julho de 2012
Rebeldes e tropas do governo sírio intensificaram os confrontos pelo controle de duas grandes cidades: a capital Damasco e Aleppo, segunda maior cidade da Síria. Em Damasco, dois bairros foram bombardeados neste sábado (21/07) pelo Exército, segundo informações do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com base em Londres. Organizações humanitárias contabilizam em milhares os refugiados devido aos últimos combates.
De acordo com o Observatório, os distritos de Kadam e Assali, ao sul de Damasco, foram atacados na madrugada de sexta para sábado pelas forças do presidente Bashar al Assad. O Exército também penetrou em outros dois bairros, no leste e no sudoeste da capital. Moradores relataram a existência de combates em outras partes da cidade. A situação é tensa mesmo nos bairros mais tranquilos, onde na manhã de sábado poucos carros foram vistos transitando nas ruas.
Contraofensiva
As forças sírias começaram na sexta-feira uma contraofensiva em Damasco retomando dos rebeldes, após intensos combates, o controle do distrito de Midan. O Exército também teria retomado o controle dos bairros de Tadamun, Kabun e Barse.
Segundo fontes da oposição, moradores do bairro de Salaheddin, na metrópole econômica Aleppo, fugiram da cidade, na qual a resistência contra Assad se formou apenas nos últimos meses. A universidade tornou-se o centro do movimento de resistência na cidade. Os confrontos em Aleppo começaram poucos dias depois de os rebeldes terem na terça-feira proclamado o início da "batalha de libertação" em Damasco.
A violência continua em outras partes do país. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos relatou haver confrontos no reduto insurgente de Homs e em Deir Essor, no leste da Síria. De acordo com a entidade, na sexta-feira passada 233 pessoas morreram em todo o país – sendo 153 civis, 43 soldados e 37 rebeldes. Estimativas indicam que, desde o início da violência na Síria, mais de 17 mil pessoas foram mortas.
Fuga em meio a bombardeio
Milhares de pessoas estão fugindo dos combates na capital para os estados vizinhos. "Fugimos em meio a um bombardeio", disse um comerciante do bairro Midan, em Damasco, que cruzou a fronteira com o Líbano em Masnaa. "A situação aqui é de uma verdadeira guerra", relatou.
De acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, os combates em Damasco causaram a fuga de 8 mil a 30 mil pessoas num período de apenas 48 horas. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha fala em "mais de 18 mil refugiados".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, acusou no sábado a liderança síria de não proteger os civis. Durante uma visita à Croácia, ele disse que estava "profundamente chocado com o número crescente de mortes e de pessoas que são forçadas a fugir de suas casas."
A situação na fronteira com o Iraque ainda é confusa. O vice-ministro iraquiano do Interior, Adnan al Assadi, disse que os rebeldes sírios tinham o controle de uma das três principais passagens de fronteira. Na quinta-feira, ele havia dito que os rebeldes estariam controlando toda a fronteira. O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, por sua vez, dirigiu um apelo urgente para que a ONU proteja os iraquianos na Síria.
Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança da ONU prorrogou na sexta-feira, por um período final de 30 dias, o mandato da missão de observadores na Síria. Após uma maratona de negociações que obrigou a adiar por uma hora a votação, os 15 membros do Conselho aprovaram unanimemente uma resolução apresentada por Reino Unido e patrocinada por Portugal, Estados Unidos e Alemanha.
A votação ocorreu no dia seguinte ao veto da Rússia e da China a uma resolução do mesmo Conselho, que renovava o mandato de observadores da ONU por 45 dias e aumentava a ameaça de sanções.
A resolução aprovada, que não prevê sanções, atribui às autoridades sírias "responsabilidade primária" pela segurança dos 300 membros da missão. Nas últimas semanas, os observadores haviam permanecido em suas hospedagens, devido à crescente violência no país. A possibilidade de uma nova prorrogação do mandato foi deixada em aberto.
MD/afp/lusa/dapd
Revisão: Mariana Santos