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Como aconteceram os piores atentados da história da Bélgica

24 de março de 2016

Num bairro de Bruxelas, três homens chamam um táxi para o aeroporto e se irritam com o motorista porque não há lugar no bagageiro para todas as malas. Saiba, passo a passo, como se deram os ataques terroristas.

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Curiosos diante do prédio onde os irmãos Bakraoui viviam em Bruxelas, na noite seguinte aos atentadosFoto: picture-alliance/dpa/Belga Photo/B. Vanderkelen

Homenagens às vítimas do terrorismo em Bruxelas

Na manhã desta terça-feira (22/03) em Bruxelas, três homens se preparam para deixar um apartamento no quinto andar de um prédio cinza mal cuidado, localizado numa esquina do distrito de Schaerbeek.

Eles chamam um táxi, que vai levá-los até o aeroporto internacional de Zaventem, nas imediações de Bruxelas. Um deles se chama Ibrahim El Bakraoui e é um tipo físico corpulento. Um outro é magro, e seria mais tarde identificado por investigadores belgas como Najim Laachraoui, apontado como o fabricante das bombas usadas nos atentados de 13 de Novembro em 2015, em Paris. A identidade do terceiro permanece desconhecida.

Quando o táxi chega, os três se irritam com o motorista. Eles haviam solicitado um carro maior, mas aparentemente o serviço de táxi não os compreendeu e enviou um veículo comum. A irritação se dá porque o porta-malas do carro não comporta toda a bagagem, e eles deixam um dos cinco volumes para trás.

Ao chegarem ao aeroporto, os três se recusaram a deixar o motorista do táxi ajudá-los a descarregar as malas do carro. O motorista acha a postura deles estranha, como já havia achado estranho o incidente com as bagagens no início da viagem.

Belgien Terroranschläge in Brüssel Fahndung Verdächtige
Os três suspeitos caminham com suas malas no aeroportoFoto: picture-alliance/dpa/Federal Police

Pouco depois, Ibrahim El Bakraoui, de 29 anos, detona sua mala cheia de explosivos dentro do terminal do aeroporto. O seu cúmplice, Najim Laachraoui, faz o mesmo com a sua mala. Os dois morrem. As explosões matam mais 11 pessoas.

O terceiro terrorista, que aparece numa imagem das câmeras de vigilância vestindo roupas claras, óculos e um chapéu escuro, e cuja mala contém a maior de todas as bombas, aparentemente desiste de se suicidar e foge do aeroporto. Ele continua foragido e está sendo procurado pela polícia.

Cerca de uma hora depois, o irmão mais novo de Ibrahim, Khalid El Bakraoui, de 27 anos, explode uma bomba na estação de metrô de Maelbeek, num atentado suicida. Outras 21 pessoas morrem. Os piores ataques teroristas da história da Bélgica deixam um saldo de 31 mortos, além dos três homens-bomba, e 270 feridos.

O motorista do táxi liga para a polícia e conta o que se passou. Em seguida, uma grande parte de Schaerbeek é isolada, e forças de segurança invadem o apartamento onde os três homens estavam pela manhã. Os vizinhos, que até então tinham tido pouco contato com aqueles três homens, são alertados para deixar o prédio. Só então eles ficam sabendo que moravam ao lado de terroristas.

Belgien Wohnung der Brüder El Bakraoui in Brüssel
O apartamento onde os três terroristas viviam fica no último andar deste prédio, em SchaerbeekFoto: Getty Images/C. Court

O apartamento está vazio, mas o que a polícia encontra nele é praticamente uma fábrica de bombas: 15 quilos de explosivos, 150 litros de acetona, 30 litros de água oxigenada, um detonador, malas cheias de pregos, parafusos e outros materiais, relatam os procuradores belgas.

A polícia também encontra um laptop numa lata de lixo de uma rua de Schaerbeek. O computador pertencia a Ibrahim. Nele há uma espécie de testamento, no qual o terrorista afirma que estava "em apuros, sem saber o que fazer, sendo procurado por todas as partes". Ele afirma que se sentia caçado e não estava seguro em nenhum lugar. Se essa situação continuasse, ele poderia acabar numa cela, "como ele".

Para os investigadores, "ele" pode ser tanto Salah Abdeslam, um dos mentores dos ataques de Paris e detido na sexta-feira passada, como Mohamed Bakkali, que foi detido no fim de novembro na Bélgica, e também é acusado de participação nos atentados de Paris.

AS/lusa/afp/efe/dpa