Como fazer carreira na política alemã
16 de setembro de 2003Os políticos têm um futuro assegurado e gozam de muitos privilégios, as chamadas mordomias. Esta imagem é válida em quase todos os países, também na Alemanha. Mas como tornar-se um deles? Que talentos são indispensáveis? E que formação profissional é a mais indicada para se lograr uma bem sucedida carreira parlamentar na Alemanha?
Segundo a Spiegel Online, o essencial é um planejamento de vida a partir do colégio. Somente quem tem a persistência de seguir à risca um caminho traçado como adolescente é que pode assegurar-se uma chance razoável na vida pública alemã. São poucos os políticos que chegaram ao Parlamento por caminhos diferentes, ajudados pela sorte ou pelo acaso. E quem busca desde cedo a carreira política tem de arcar com um enorme risco: a imprevisível vontade do eleitorado.
Formação acadêmica
A política tornou-se, há muito, uma atividade profissional na Alemanha. Cerca de 30% dos atuais 603 deputados ao Bundestag, o Parlamento federal da Alemanha, são políticos de carreira. Embora tenham em geral uma formação acadêmica – 75% têm diploma universitário –, eles já iniciaram sua carreira política como estudante ou até mesmo como colegiais.
Toda a formação profissional da maioria dos políticos foi planejada, desde o início, para a carreira política. O estudo universitário é visto apenas como um complemento curricular, que freqüentemente não visa mais que demonstrar competência aos eleitores.
Só os profissionais persistentes e ambiciosos são capazes de impor-se na dura competição da vida política. Isto vale até mesmo para os parlamentares de menor expressão, que na Alemanha são chamados de "deputados dos bancos de trás" (Hinterbänkler). Mas as mordomias são gozadas por todos – dos grandes líderes políticos aos parlamentares que só são conhecidos em seus distritos eleitorais.
Começo de carreira
A maioria dos carreiristas começa a vida pública como ativista juvenil nos partidos políticos. Quem demonstra talento e tem uma atuação bem sucedida, tem boa chance de tornar-se assessor direto de um deputado ou alto funcionário de partido político. E este é o principal trampolim para uma carreira política própria.
Independente de tal apadrinhamento, a ambição pessoal do jovem carreirista é fundamental para galgar os postos. Desde o início, ele tem de candidatar-se a postos eletivos – seja na representação estudantil da universidade, no diretório local do partido ou em grêmios da administração municipal. Com isto, afirma a Spiegel Online, ele cria seus próprios contatos e também se assegura contra o risco de que seu padrinho político não venha a reeleger-se.
A carreira política exige também, via de regra, muita paciência e perseverança. Freqüentemente, o engajamento nos trabalhos do partido começa já no final da adolescência. Mas a idade média para o início da carreira é de 24 anos. O caminho até o Parlamento federal tarda, no mínimo, seis a oito anos e depende também de muita sorte. A maioria não consegue atingir o objetivo final, permanecendo na política municipal ou estadual.
Presença universitária
O estudo universitário também pode ser um grande fomento para a carreira política. Principalmente, se o jovem carreirista estudar numa universidade berlinense. Até a capital ser transferida para Berlim, este papel – de fonte de recrutamento dos assessores de deputados – era desempenhado pela Universidade de Bonn.
Hoje, já não existe mais o chamado "monopólio dos juristas" no Bundestag. Ainda assim, cerca de 35% dos assessores de deputados são advogados ou estudantes de Direito. Além disto, 27% são estudantes ou diplomados em História. Estão também cada vez mais presentes nos escritórios parlamentares os estudantes de Ciências Políticas.