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Compensação ambiental

20 de abril de 2011

Projetos de proteção do clima serão financiados cada vez mais com créditos de carbono. O dinheiro pode vir até de pessoas físicas, que pagam uma taxa ambiental por suas passagens aéreas. Mas é preciso ficar atento.

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Voar com consciência ambiental?Foto: paul prescott - Fotolia.com

Consumir sem contribuir para o aquecimento global é possível – pelo menos no marketing. Você pode enviar correspondência, fazer transações bancárias, viajar de avião ou de carro sendo um consumidor ambientalmente consciente. Para adotar a "emissão zero", basta pagar um pouco mais. A cota de emissões será compensada em outro lugar, como em projetos de aquecimento solar na periferia da Cidade do Cabo.

A ideia é boa, "mas é preciso tomar bastante cuidado", diz Karsten Smid, especialista em mudanças climáticas do Greenpeace. Existem projetos de compensação muito significativos, mas também há "muita falcatrua em que as taxas de emissão são maquiadas", diz Smid.

Em geral, as compensações funcionam assim: uma quantidade determinada de emissão de gases causadores do efeito estufa é contabilizada e o dinheiro equivalente a essa cota é usado para financiar projetos que evitem a emissão da mesma quantidade de gases em países emergentes ou em desenvolvimento. Esse processo é chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), um importante pilar do Protocolo de Kyoto, de 1997.

Amer Centrale Geertruidenberg, Niederlande
Polui nos países industrializados, compensa nos em desenvolvimentoFoto: CC / FaceMePLS

Desde então, o número de fornecedores de compensação de emissões, tanto comerciais quanto sem fins lucrativos, cresce de forma contínua. Existem diferentes selos e certificações para comprovar o nível de gás carbônico compensado. Estudos das Nações Unidas e da Tufts University, em Boston, chegaram à conclusão de que apenas alguns poucos fornecedores de compensações realmente trazem benefícios sustentáveis para o clima.

Coldplay não teria a menor chance

Mesmo esforços bem intencionados podem ter resultado zero, como aconteceu com a banda britânica Coldplay. Para anular a cota de emissões da sua turnê, a banda plantou 10 mil pés de manga na Índia em 2004. Pesquisas realizadas dois anos depois mostraram que a maior parte delas havia secado há muito tempo. Dezenas de milhares de euros foram plantados na areia. Benefício para o clima: zero.

Isso não deve acontecer com projetos respaldados pelo CDM Gold Standard, certificado desenvolvido em cooperação com a organização WWF, que estabelece novos padrões para análise precisa. Apenas projetos de energia renovável e eficiência energética serão promovidos. Os danos ao meio ambiente devem ser mínimos, e o projeto também precisa oferecer benefícios para a população, para o mercado de trabalho local e para a saúde – todos os critérios serão analisados por um auditor independente e avaliados diversas vezes. Os aquecedores solares da Cidade do Cabo passariam nos critérios. A floresta de mangueiras do Coldplay não teria a menor chance.

Aufforstungsprojekt über Carbonfix
Projeto de arborização na África: boas intenções, mas nem sempre bons resultadosFoto: carbonfix

"O reflorestamento pode ser válido, naturalmente, mas para a compensação de emissões ele costuma ser difícil", diz Jörg Rüdiger da organização alemã Atmosfair, que coleta cerca de 2 milhões de euros por ano em compensações voluntárias de passageiros de avião. São financiados apenas projetos certificados pelo CDM Gold Standard.

Na ponta do lápis

A Atmosfair também calcula as emissões de forma mais precisa do que outros. No site da organização, é possível calcular as próprias emissões em um voo. Na conta não entra apenas o consumo de combustível, mas também outros fatores que contribuem para o aquecimento global: por exemplo, o efeito estufa adicional causado pela evaporação de água provocada pelas turbinas do avião.

De acordo com a calculadora de emissões da companhia aérea alemã Lufthansa, um voo de Berlim a Londres gera um custo de compensação de emissões equivalente a 6 euros. Nas contas da Atmosfair, o custo seria de 11 euros, quase o dobro.

A Atmosfair também não fala em emissão neutra. "As emissões devem ser antes de tudo evitadas, ou pelo menos reduzidas. Mas se a pessoa realmente não pode deixar de voar, então ela deve compensar essas emissões", aconselha Jörg Rüdiger.

Autor: Oliver Samson (FF)
Revisão: Roselaine Wandscheer