Conferência coordena ajuda humanitária à Ásia
6 de janeiro de 2005Na abertura da conferência realizada nesta quinta-feira (06), em Jacarta, o presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, referiu-se a uma "catástrofe do século" na província de Aceh, no norte da Sumatra, e apelou à comunidade internacional por uma generosa ação de ajuda humanitária. A reação a esta catástrofe sem precedentes também deveria criar um precedente, a fim de pôr um fim no sofrimento das pessoas, declarou o chefe de Estado eleito em outubro de 2004.
Direito de guerra suspenso
Yudhoyono fez um apelo aos chefes de governo do Asean, a fim de que se organize uma ação concertada entre tropas de resgate e organizações civis de ajuda humanitária para caso de catástrofe. Ele mesmo tinha suspendido, logo após o maremoto, o direito de guerra vigente na região em crise, e liberado o acesso a todas as organizações internacionais.
Sozinha, a Indonésia não vai conseguir dar conta da reconstrução e da ajuda de emergência, ressaltou Yudhoyono. Os países da Asean (Tailândia, Malásia, Cingapura, Indonésia, Filipinas, Brunei, Vietnã, Laos, Birmânia e Camboja) deveriam colocar em prática as promessas de ajuda feitas entre si. Ele agradeceu a comunidade internacional pela ajuda já prestada e pela grande disponibilidade em fazer doações. No entanto, ainda haveria muito a fazer.
Ajuda imediata
O secretário-geral da ONU, Koffi Annan, vê de forma igualmente dramática a situação das demais regiões afetadas pelo maremoto no sul e sudeste da Ásia. A comunidade internacional teria, perante os sobreviventes, a obrigação de evitar uma próxima catástrofe.
"Acredito que todos os chefes de Estado e de governo aqui estão profundamente consternados e dispostos a prestar a contribuição que puderem para ajudar as pessoas necessitadas e a reconstrução das comunidades destruídas", disse Annan. Ele exigiu 977 milhões de dólares ajuda imediata. Cinco milhões deveriam ser destinados às vítimas do tsunami o mais rápido possível, mas também nos próximos meses.
Sistema de alerta
A conferência também tratou do perigo de futuros tsunamis na região. O presidente da Indonésia defendeu a criação de um sistema de alerta para tsunamis no Oceano Índico, a ser construído o mais rápido possível. Ele fez um apelo para que todos os participantes da conferência dividam os custos do projeto. O plano recebeu o apoio dos demais países.
Problemas logísticos
Até agora, a ONU estimava o número de mortos em mais de 145 mil, mas durante a conferência ficou claro que deverá haver mais vítimas do que o previsto. Em Banda Aceh e no norte da Sumatra, ainda há diversas regiões impossíveis de serem acessadas por terra. O resgate estaria sendo dificultado por inúmeros problemas logísticos, informou Annan. O secretário-geral da ONU também lembrou que já seria hora de elaborar um plano de reconstrução e de ajuda de longo prazo às regiões devastadas pelo maremoto.
A conferência de um dia convocada pela Asean contou com a participação de 26 países. A meta era coordenar as ofertas internacionais de ajuda e acertar ações conjuntas para uma prevenção de catástrofes semelhantes a longo prazo.
A UE foi representada pelo presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso. Ele anunciou que a oferta de ajuda da União Européia foi elevada para 450 milhões de euros. A UE pretende decidir sobre verbas adicionais de ajuda humanitária em um encontro especial, a ser realizado 11 de janeiro em Genebra.