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Reconstrução da Geórgia

Christoph Hasselbach (rw)22 de outubro de 2008

A Alemanha promete mais 33,7 milhões de euros à Geórgia, além dos 35 milhões já assegurados anteriormente. Soma destina-se principalmente à construção de casas. Em contrapartida, doadores esperam reformas democráticas.

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Conferência em Bruxelas superou expectativasFoto: AP

A conferência para a arrecadação de fundos para a reconstrução na Geórgia, nesta quarta-feira (22/10) em Bruxelas, superou as expectativas ao reunir 3,5 bilhões de euros. O encontro teve a presença de representantes de 67 países e de instituições financeiras. A Rússia não havia sido convidada.

A Comissão Européia (UE) prometeu conceder 500 milhões de euros até 2010. Já os Estados Unidos irão dispor cerca de 770 milhões de euros. Também haverá contribuições individuais dos membros da UE. Berlim anunciou que, além dos 35 milhões de euros já disponibilizados a título de ajuda econômica, destinará mais 33,7 milhões de euros.

Antes da conferência, especialistas haviam calculado em 2 bilhões de euros a quantia necessária para a reconstrução da infra-estrutura destruída na guerra com a Rússia, há dois meses, e para ajudar os desabrigados. Críticos dizem que as reivindicações da Geórgia foram exageradas.

Flüchtling in Zeltlager Kaukasus Georgien
Garotas em campo de refugiados da guerra na GeórgiaFoto: picture-alliance / dpa

Embora uma condição imposta pelos doadores seja o emprego do dinheiro exclusivamente para fins civis, a Rússia teme que o Ocidente use isso como pretexto para equipar a Geórgia com armas e, assim, preparar o país para um futuro ingresso na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

UE: rigor na fiscalização

Após a conferência, o primeiro-ministro georgiano, Lado Gurgenidze, mostrou-se muito satisfeito com o resultado do encontro: "Sabemos agora o que temos de fazer. Temos um compromisso com os contribuintes de todos os países que reuniram estes meios financeiros, o compromisso de que cada euro, cada dólar torne a Geórgia mais forte, democrática e livre."

Esta satisfação, no entanto, não é geral. A seção georgiana da organização Transparência Internacional adverte que o dinheiro pode desaparecer por canais obscuros e que ele aumentará a corrupção. A organização reclama o desperdício do dinheiro do contribuinte estrangeiro. Justamente por isso a União Européia pretende fiscalizar como ele será gasto.

Georgien Frau in Gori
Georgiana chora diante de prédio destruído na guerraFoto: AP

O vice-ministro alemão das Relações Exteriores, Gernot Erler, definiu uma forma concreta de uso do dinheiro: "Um dos projetos mais caros e mais importantes que temos é a construção de casas numa vila popular nos arredores da cidade de Gori, para abrigar pessoas que perderam seus lares por causa da guerra".

Erler e outros doadores, no entanto, avisam que não só irão controlar os gastos, como também exigem mais reformas democráticas na Geórgia. A União Européia deixou claro à Geórgia em Bruxelas que pretende prestar uma ajuda generosa às pessoas, mas que isso não será de graça.

Para Barroso, UE age em interesse próprio

A comissária de Relações Exteriores da União Européia, Benita Ferrero-Waldner, expressou assim as expectativas do bloco: "Claro que esperamos da Geórgia que o processo de reformas prossiga em todas as áreas, na Justiça, administração, finanças, política e na democratização. Esperamos que o governo georgiano utilize o dinheiro hoje prometido para avançar com as reformas mais importantes". Segundo representantes da UE, em todas as áreas enunciadas por Ferrero-Waldner ainda há muito a ser feito.

Apesar de os representantes da União Européia ressaltarem sua solidariedade para com a Geórgia, o bloco de 27 países está agindo em primeira linha em interesse próprio. "Cada conflito nas fronteiras externas da União Européia tem conseqüências claras para a segurança e a estabilidade da Europa", disse o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.

Segundo ele, no caso da Geórgia, trata-se também da segurança energética e da estratégia de diversificação dos fornecedores de energia à UE. E concluiu: "Se agora oferecemos os meios para acelerar o desenvolvimento econômico, político e para aumentar a infra-estrutura da segurança, não se trata apenas de ajuda à Geórgia, mas também de ajuda a nós mesmos".