Confrontos entre israelenses e palestinos deixam mortos
8 de dezembro de 2017Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas nesta sexta-feira (08/12) em vários países árabes e muçulmanos, para mais um dia de protestos contra a decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Ao menos dois palestinos morreram na Faixa de Gaza.
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Segundo um porta-voz do Ministério da Saúde local, as mortes foram provocadas por forças de segurança israelenses, que teriam disparado com arma de fogo contra os manifestantes. Os confrontos violentos em Gaza ainda deixaram mais de 150 feridos, a maioria atingida por bala.
O Exército de Israel, por sua vez, defendeu que, em razão de "tumultos violentos" na região, "os soldados responderam de forma a dispersar o motim". A força armada confirmou que duas pessoas – descritas como instigadoras – foram atingidas por balas.
Ainda segundo os militares israelenses, protestos em reação à decisão americana ocorreram em ao menos 30 localidades da Cisjordânia e da Faixa de Gaza nesta sexta-feira, um dia depois das manifestações que também terminaram em confrontos violentos e dezenas de feridos na região.
Na Cisjordânia, palestinos incendiaram pneus, provocando intensas nuvens de fumaça negra sobre as cidades de Ramala e Belém. Enquanto manifestantes jogavam pedras em militares israelenses, esses respondiam com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
O Ministério de Saúde palestino informou que os confrontos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, somados, deixaram mais de 300 feridos. O Crescente Vermelho palestino, por sua vez, fala em ao menos 760 pessoas feridas.
Na quinta-feira, em discurso durante uma manifestação em Gaza, o líder do movimento palestino Hamas, Ismail Haniyeh, havia convocado palestinos, árabes e muçulmanos a realizarem novos protestos nesta sexta. "Façamos do 8 de dezembro o primeiro dia da nova intifada [levante popular]" contra o Estado israelense, pediu o líder.
Em meio aos protestos, o Exército de Israel confirmou ter lançado bombas contra alvos militantes na Faixa de Gaza nesta sexta-feira. Segundo o Ministério de Saúde palestino, ao menos 25 pessoas ficaram feridas com os disparos, incluindo seis crianças.
A força armada israelense informou que os bombardeios aéreos, que atingiram um campo de treinamento de militantes e um depósito de armas, ambos do Hamas, foi uma resposta aos foguetes que haviam sido disparados mais cedo a partir de Gaza em direção a cidades israelenses.
Um dos foguetes foi interceptado por um sistema de defesa de mísseis, e outro caiu na cidade de Sderot, em Israel, perto da Faixa de Gaza, informou o Exército israelense sem comentar sobre possíveis vítimas. A imprensa local disse que o foguete não explodiu e não deixou feridos.
Protestos em outros países
Em apoio aos palestinos, manifestações foram registradas também em países como Jordânia, Líbano, Iraque, Irã, Paquistão, Turquia, Bahrein, Egito, Sudão, Tunísia, Indonésia e Malásia. Os presentes repetiam palavras de ordem contra o anúncio do presidente americano, Donald Trump, e levavam cartazes que pressionavam os líderes árabes a responder de maneira firme a Washington.
"Com o espírito e o sangue, não deixaremos que Jerusalém se vá", "Jerusalém é árabe e continuará sendo capital eterna da Palestina, e não de Israel", "Jerusalém para nós, não para os ocupantes" e "não à judaização de Jerusalém" foram alguns dos gritos ouvidos nas cidades árabes.
No Egito e na Jordânia, os únicos países que têm assinado um tratado de paz com Israel, os participantes exigiam a paralisação dos acordos. Centenas de pessoas protestaram dentro e fora da mesquita de al-Azhar, a mais emblemática do Egito e situada no centro histórico do Cairo, após a finalização da oração do meio-dia.
Em Amã, capital jordaniana, centenas de manifestantes gritaram "Estados Unidos são a cabeça da cobra" e pisaram num cartaz que trazia o rosto de Trump ao lado de uma suástica nazista. Estima-se que 20 mil pessoas tenham participado de protestos ao redor do país.
Conselho de Segurança se reúne
Enquanto isso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deu início a uma reunião para discutir a decisão dos Estados Unidos sobre o reconhecimento de Jerusalém.
"Existe um sério risco hoje de que possamos ver uma cadeia de ações unilaterais, que só podem nos afastar ainda mais de alcançar nosso objetivo compartilhado de paz", alertou Nickolay Mladenov, enviado da ONU para o Oriente Médio, durante o encontro.
Há dois dias, Trump anunciou que vai transferir a embaixada americana de Tel Aviv – onde estão as embaixadas de outros países – para Jerusalém, ignorando alertas de líderes estrangeiros sobre os riscos que a medida pode trazer aos esforços de paz no Oriente Médio.
Durante o anúncio na Casa Branca, Trump disse que a medida apenas reconhece o "óbvio": que Jerusalém é sede do governo israelense. "Não é nada mais que o reconhecimento da realidade."
A decisão, que acarreta o reconhecimento da cidade disputada como capital do governo israelense, logo provocou reações indignadas de entidades e líderes internacionais. Uma série de países, incluindo Reino Unido e França, solicitaram então uma reunião de emergência da ONU.
Israel considera Jerusalém sua capital "eterna e indivisível", enquanto os palestinos defendem que a porção leste de Jerusalém deve ser a capital de seu almejado Estado.
As Nações Unidas estabelecem que o status de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelenses e palestinos, razão pela qual os países com representação diplomática em Israel têm suas embaixadas em Tel Aviv e imediações.
EK/afp/ap/dpa/efe/lusa/rtr
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