Extremismo de direita
19 de setembro de 2008Grupos de extrema direita de vários países europeus (Alemanha, Áustria, Bélgica, França e Itália) se reúnem em Colônia, no oeste alemão, para um "congresso antiislâmico" de dois dias, que vai até domingo (21/09).
Segundo as autoridades locais, mais de 12 eventos de oposição ao congresso estão sendo organizados na cidade. Nesta sexta, aproximadamente 500 pessoas fizeram uma passeata contra a xenofobia e o racismo no bairro Ehrenfeld, com alto número de estrangeiros, principalmente de origem turca. Uma entrevista coletiva para a imprensa com os líderes extremistas do congresso teve que ser relocada para um barco sobre o Reno, diante do número de protestos em vários bairros da cidade.
Pretexto: construção de mesquita
O congresso, que tem como pretexto se opor à construção de uma grande mesquita em Colônia, é coordenado pela organização Pro Köln (Pró Colônia), conhecida pela defesa de ideais racistas e xenófobos. Os protestos da organização se voltam em primeira linha contra uma suposta "islamização" da Alemanha e da Europa.
O presidente da Pro Köln, Markus Beisicht, já foi vereador pelo Partido Republicano (também de extremistas de direita), antes de se unir à Associação Alemã pelo Povo e Pátria. Como advogado, já defendeu na Justiça vários neonazistas, acusados de incitar a violência e uso de símbolos nazistas, proibidos no país.
Palavras de ordem xenófobas
Nos dias que antecederam o congresso, o grupo Pro Köln distribuiu na cidade panfletos de alto teor racista, com dizeres xenófobos afirmando que "nossas filhas" devem ser preservadas "dos olhares e mãos de todas essas hordas de migrantes", descreve o semanário Die Zeit.
"É preciso dizer: eles são extremistas de direita. Isso é possível perceber nas biografias dos principais líderes, que fizeram parte do NPD, dos Republicanos e fundaram a radical Liga Alemã do Povo e da Pátria. Todos esses grupos são caracterizados por posiçoes de extrema direita, racismo, xenofobia e um nacionalismo extremo", explica à Deutsche Welle o especialista Wolfgang Kapust.
Oposição em massa
Grande parte da população de Colônia se opõe ao congresso: centenas de pôsteres foram espalhados pela cidade apontando a rejeição dos moradores, enquanto os bares iniciaram uma campanha intitulada Nenhuma cerveja para nazistas (Kein Kölsch für Nazis). Vários eventos informativos estão sendo organizados.
Um passeio pelo que os extremistas chamam de "bairros problemáticos", ou seja, com alto número de estrangeiros, foi cancelada pela polícia. Além disso, as empresas das quais os extremistas haviam alugado os ônibus para o tal passeio se negaram a disponibilizar os veículos.
Imagem da cidade
O congresso de extremistas, no entanto, não foi impedido pelas autoridades locais. O parlamentar Ruprecht Polenz justifica: "Eles são inteligentes e não vão usar símbolos (proibidos) como a suástica no evento, mas vão disseminar palavras de ordem". Para o político do Partido Verde Volker Beck, a organização Pro Köln procura "sujar a imagem de Colônia como uma metrópole aberta e tolerante".
Também o prefeito da cidade, Fritz Schramma, da União Democrata Cristã (CDU), afirmou que "não queremos um congresso desses, ao qual a maioria da população da cidade se opõe". Para o governador da Renânia do Norte-Vestfália, Jürgen Rüttgers, "em Colônia não há lugar para radicais de direita".