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Conjuntura fraca e moeda forte na Europa

Thomas Kohlmann /am20 de dezembro de 2002

A moeda comum européia – euro – mantém há algum tempo a paridade com o dólar. Ao que tudo indica, isto ainda deverá prevalecer durante muito tempo, dizem os especialistas.

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Um ano depois, o euro ganha novo brilhoFoto: AP

A cotação do euro está subindo quase ininterruptamente, pois nos mercados de divisas já se constatou há muito que o impulso conjuntural nos Estados Unidos não é tão rápido, nem tão dinâmico como se esperava. E quanto mais os operadores de câmbio de todo o mundo examinam os índices da economia americana, tanto mais rapidamente descobrem riscos: déficits crescentes na balança de pagamentos e no orçamento público, assim como um gigantesco endividamento dos consumidores e das empresas nos EUA.

Ameaça para as exportações alemãs?

Sempre que cai a cotação da moeda americana, chovem advertências de especialistas preocupados com a competitividade internacional dos produtos europeus em geral e alemães em especial. Já em meados do ano, o presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI), Michael Rogowski, deixou claro: "Tudo o que ultrapassar a cotação de um por um é uma ameaça".

Mas para Alexandra Bechtel, responsável pela estratégia de divisas no Commerzbank, os efeitos negativos para a economia alemã começam a partir de uma cotação de 1,15 dólar por euro: "Muito mais importante é saber com que rapidez a cotação do euro sobe. Quanto mais depressa isto ocorrer, tanto mais difícil será para as empresas adaptarem-se à nova situação".

Há mais de um ano, os especialistas do mercado de divisas vêm anunciando a paridade entre a moeda européia e o dólar. Ela foi atingida agora e deverá permanecer por longo tempo, na opinião da maioria.

Diminui o amor ao dólar

Aos fatores de insegurança representados pelas ameaças do terrorismo e de um possível conflito armado no Iraque, juntou-se agora um elemento negativo para a moeda americana: os mercados financeiros internacionais têm a nítida impressão de que o novo secretário norte-americano do Tesouro, John Snow, tenciona abandonar a "política do dólar forte".

"Acredito que tal especulação tem fundamento", afirma Alexandra Bechtel. E acrescenta: "Para Snow é impossível reivindicar abertamente um dólar enfraquecido, mas às caladas ele abandonará a política do dólar forte". Com tal estratégia, o secretário do Tesouro poderia matar dois coelhos com uma cajadada: os produtos americanos de exportações tornam-se mais competitivos no mercado mundial; o aumento do déficit na balança de pagamentos é contido.

Mas exatamente quanto a este ponto, a política financeira dos EUA está diante de um dilema. Em virtude do seu enorme déficit na balança comercial, o país continua sendo extremamente dependente dos fluxos de capital do exterior, principalmente da Europa ocidental e do Japão. E isto é favorecido por um dólar forte.

Assim sendo, tudo indica que as autoridades americanas continuarão aceitando as fraquezas da própria moeda em relação ao euro, mas somente dentro de um determinado limite de tolerância. Se ele for ultrapassado, Washington tomará certamente medidas de apoio à cotação do dólar. É por esta razão que Alexandra Bechtel mantém-se bastante realista no seu prognóstico: a economista do Commerzbank calcula que o euro estará cotado por volta de 1,04 dólar no final de 2003.