Conselho de Segurança: Alemanha confiante
4 de junho de 2005A Alemanha confia firmemente na aprovação dos planos para ampliação do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Gunter Pleuger, embaixador alemão em Nova York, não se deixa abalar pela oposição da China à proposta iniciada pelo Grupo dos Quatro, formado pelos aspirantes a cadeiras permanentes Brasil, Alemanha, Japão e Índia.
"Ainda não ouvimos nada a respeito de uma resistência crescente; estamos em contato permanente com todos os membros da Assembléia Geral, sondamos nas capitais a opinião dos respectivos governos, e o resultado é exatamente o contrário. Há resistência, ela existiu desde o começo, mas o que está aumentando é o apoio à nossa resolução", afirmou.
China "não", França "sim"
Já na quinta-feira, o embaixador chinês junto às Nações Unidas, Wang Guangya, havia declarado em Nova York a recusa de seu país à iniciativa do G-4, classificando-a de "perigosa" e alegando que ela "dividirá, destruirá e retirará de seu curso todo o processo de conversação sobre as grandes reformas da ONU".
A Rússia em princípio não recusa a ampliação do CS, mas o ministro do Exterior, Yuri Fedotov, já avisou que seu país ainda tem uma série de perguntas a respeito da proposta da Alemanha, Brasil, Japão e Índia. "Mas também não era de se esperar que logo esses membros permanentes do Conselho se colocassem à frente do movimento de reforma", amenizou Pleuger.
Dos cinco membros permanentes, só a França tomou até agora posição claramente favorável aos planos. "É sabido que nós apoiamos a criação de mais cadeiras permanentes", declarou Jean-Marc de la Sablière, embaixador francês em Nova York. "O presidente Chirac já disse que apreciaríamos ter o Japão, a Alemanha, a Índia e o Brasil como membros permanentes."
Questão fora do esboço apresentado
O esboço de uma resolução para a reforma das Nações Unidos apresentado na sexta-feira (03/06) pelo presidente da Assembléia Geral, Jean Ping, deixa diplomaticamente de fora a questão da ampliação do CS.
O documento, elaborado por especialistas da Assembléia Geral em meses de trabalho, concentra-se em propostas concretas para a redução do abismo entre bem-estar e pobreza no mundo e para a extinção da Comissão de Direitos Humanos, sediada em Genebra, que deverá ser substituída por um outro organismo. O debate sobre estes temas foi impulsionado pelo prórpio secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em documento apresentado em março.
Os países-membros da Assembléia Geral têm agora duas semanas para analisar o esboço, antes que comecem as deliberações a respeito do documento. O G-4 vai aproveitar esse prazo para conseguir mais adesões aos seus planos de ampliação do CS.
As votações sobre a reforma da ONU exigem maioria de dois terços de todos os membros da Assembléia Geral. Apena depois da decisão do plenário cabe aos membros do Conselho de Segurança um direito especial: sem sua ratificação, uma mudança da Carta da ONU não pode entrar em vigor.
"Temos ainda muito trabalho pela frente, para que as diferentes regiões aprovem com a maioria mais folgada possível a necessária reforma da ONU", admite o embaixador Pleuger.