Copa do Mundo começa com estádio de abertura inacabado
11 de junho de 2014Um dia antes do pontapé inicial da Copa do Mundo, operários corriam contra o tempo para deixar pronto o entorno do Itaquerão, em São Paulo. Nesta quarta-feira (11/06), antes da chegada da seleção brasileira para o último treino, trabalhadores ainda tapavam buracos no pavimento de acesso ao estádio, palco da abertura do Mundial.
“Se o tempo continuar assim, com vento, seca até quinta-feira”, diz Nelson dos Santos, de 53 anos, um dos operários da obra.
Na passarela que liga a estação de metrô Corinthians-Itaquera ao estádio, funcionários refaziam a pintura do teto. Havia goteiras, e os elevadores ainda não haviam sido inaugurados. “Acho muito difícil que estejam funcionando na quinta”, afirma um operário, que não quis se identificar.
Em outro ponto do estádio, lonas foram penduradas para esconder a armação de metal. Um dos trabalhadores encarregados comenta que há um medo generalizado de que as obras não estejam prontas a tempo.
A limpeza da região da Arena Corinthians também preocupa. Na véspera da estreia brasileira, havia ainda lixo espalhado nos arredores e era possível ver dezenas de garis trabalhando no local. “Só hoje coloquei 60 lixeiras”, conta, orgulhoso, Ronaldo de Oliveira, de 32 anos.
Turistas e queixas
Para a torcedora brasileira Marci Rodrigues, de 31 anos, o estádio está bonito, mas “inacabado”. “Colocaram umas cortinas para tapar tudo, mas dá para ver que não está pronto”, diz ela, que veio dos Estados Unidos com o marido e o filho para a Copa.
Marci também teme pela organização no dia da abertura. “Venho com a minha família amanhã e achei muito ruim que o estádio não tenha sido testado com a capacidade total de público”, reclama.
Assim como Marci, vários turistas passeavam pela região. Na estação de metrô, uma réplica gigante da bola da Copa fazia sucesso e atraía curiosos. Enquanto isso, funcionários do governo penduravam bandeiras do Brasil e retocavam a decoração.
Atrasos em série
O Itaquerão teve uma série de problemas durante a sua construção e acabou sendo um dos estádios mais atrasados da Copa do Mundo. Inicialmente, a entrega estava marcada para dezembro de 2013. Isso permitiria a realização de pelo menos três jogos-teste na arena, o que não ocorreu.
O próprio Comitê Organizador Local (COL) da competição reconheceu que faltou tempo para testar os estádios. No caso do Itaquerão, nenhum jogo anterior teve a capacidade total de público e usou integralmente as arquibancadas provisórias. Outro contratempo é que o estádio comportará 61,6 mil pessoas, número inferior aos 68 mil previstos pela Fifa.
Nas duas partidas realizadas antes da Copa, em 18 de maio e 1º de junho, foram identificadas falhas na organização e na estrutura do estádio, como goteiras e falta de iluminação.
Apenas na última segunda-feira (09/06), o estádio recebeu a liberação do Corpo dos Bombeiros de São Paulo e foi aberto ao público para o jogo de abertura. No dia 06/06, a corporação aprovou as arquibancadas provisórias do setor norte, um dos grandes entraves para a abertura da Copa.
Durante a construção do estádio, dois acidentes causaram a morte de três operários. Em novembro de 2013, um guindaste caiu sobre a arquibancada, matando dois funcionários e destruindo parte da estrutura da Arena. Em março de 2014, um operário morreu vítima de uma queda.