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PolíticaCoreia do Norte

Coreia do Norte testa suposto míssil intercontinental

24 de março de 2022

Japão e Coreia do Sul afirmam que Pyongyang disparou míssil de longo alcance deste tipo pela primeira vez desde 2017, supostamente usando um novo modelo, ainda mais poderoso. Teste viola resoluções da ONU.

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Imagem da Televisão Central Coreana mostra novo modelo de míssil balístico intercontinental da Coreia do Norte, exibido em desfile militar em outubro de 2020
Imagem da Televisão Central Coreana mostra novo modelo de míssil balístico intercontinental da Coreia do Norte, exibido em desfile militar em outubro de 2020Foto: Yonhap News Agency/picture alliance

A Coreia do Norte realizou nesta quinta-feira (24/03) o que se acredita ser seu maior teste de um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) e o primeiro envolvendo uma poderosa arma deste tipo desde 2017, apontaram os governos do Japão e da Coreia do Sul.

Autoridades japonesas afirmaram que o lançamento desta quinta-feira parece ter envolvido um novo modelo de ICBM, que voou por cerca de 71 minutos a uma altitude de cerca de 6 mil quilômetros e com um alcance de 1.100 quilômetros a partir do ponto de lançamento. Ele caiu dentro da zona econômica exclusiva do Japão, 170 quilômetros a oeste da prefeitura de Aomori, no norte do país, segunda a guarda costeira.

Autoridades militares sul-coreanas afirmaram que o míssil alcançou uma altitude máxima de 6.200 quilômetros e uma distância de 1.080 quilômetros.

Isso significa uma altitude e uma distância maiores do que as do último teste norte-coreano de um ICBM, em 2017, quando o país lançou um míssil do modelo Hwasong-15 que voou por 53 minutos a uma altitude de 4.475 quilômetros, com um alcance de 950 quilômetros.

Segundo autoridades sul-coreanas, o míssil foi lançado das proximidades de Sunan, onde fica o aeroporto internacional de Pyongyang. Em 16 de março, a Coreia do Norte lançou um suposto míssil a partir do aeroporto, que teria explodido logo depois, segundo o Exército da Coreia do Sul.

Os EUA e a Coreia do Sul já haviam alertado neste mês que Pyongyang estava se preparando para lançar seu maior ICBM até agora, do modelo Hwasong-17, que analistas afirmam ser consideravelmente maior que o Hwasong-15. O diâmetro do novo modelo de ICBM é estimado em 2,4 a 2,5 metros, com seu peso total variando entre 80 e 110 toneladas.

Quebra de moratória

O lançamento desta quinta-feira seria ao menos o 11º teste de míssil já conduzido pela Coreia do Norte neste ano – uma frequência sem precedentes – e marcaria o fim de uma moratória autoimposta de testes de longo alcance e nucleares.

Foi uma "quebra da suspensão de lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais prometida por Kim Jong-un [líder norte-coreano] à comunidade internacional", disse o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, em comunicado.

"Representa uma séria ameaça à península coreana, à região e à comunidade internacional", disse Moon, acrescentando se tratar de uma "clara violação" de resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

A ONU proibiu que a Coreia do Norte realize testes de armas balísticas e nucleares e impôs sanções ao país após testes anteriores.

Pyongyang tinha oficialmente pausado testes de longo alcance quando Kim embarcou em negociações de alto nível sobre uma desnuclearização com o então presidente dos EUA, Donald Trump – as quais, no entanto, fracassaram em 2019 e estão travadas desde então.

Mais uma preocupação para Biden

Uma retomada de grandes testes de armamentos pela Coreia do Norte representa uma nova preocupação de segurança para o atual presidente americano, Joe Biden, num momento em que ele lida com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Em janeiro, a Coreia do Norte afirmou que reforçaria suas defesas contra os EUA e considerava retomar "todas as atividades suspensas", segundo a agência de notícias estatal KCNA – numa aparente referência à moratória autoimposta.

Neste mês, Kim Jong-un afirmou que a Coreia do Norte em breve lançaria vários satélites para monitorar movimentações militares dos EUA e seus aliados.

lf/rw (Reuters, AFP, AP)