Líbia
3 de março de 2011Diante da insistência do governante da Líbia, Muammar Kadafi, em continuar fazendo uso de violência contra rebeldes oposicionistas no país, o Tribunal Penal Internacional, em Haia, iniciou investigações para apurar a situação. A iniciativa partiu do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Tribunal irá apurar possíveis "crimes contra a humanidade" cometidos pelo líder líbio, revelou o promotor Luis Moreno-Ocampo nesta quinta-feira (03/02). "Não vai haver impunidade na Líbia", garantiu. As acusações pesam tanto sobre Kadafi e vários de seus filhos, quanto sobre algumas autoridades do país que continuam ordenando a ação violenta das forças de segurança.
Refugiados na Tunísia
Ao mesmo tempo, a comunidade internacional deu início a uma grande ação de ajuda humanitária, voltada para os refugiados egípcios na Tunísia, que precisam ser reconduzidos a casa.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, afirmou que a Alemanha participa dessa missão com três navios da Marinha, capazes de transportar um total de 500 pessoas. O governo alemão destinou até agora 2,8 milhões de euros para ajuda humanitária na região.
Vários países da UE, entre estes a França, o Reino Unido e a Espanha, estão participando da missão, ao lado de forças canadenses e norte-americanas. Além de navios, eles enviam aviões e helicópteros à região.
A União Europeia triplicou as verbas de ajuda imediata aos refugiados na Líbia: 30 milhões de euros serão destinados, sobretudo, ao fornecimento de barracas, alimentos, colchões e medicamentos. "A violência desencadeou uma grande crise humanitária às portas da Europa", descreveu Kristalina Georgieva, comissária da UE.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) divulgou na quarta-feira um apelo à comunidade internacional. Segundo este, 90 mil pessoas fugiram da Líbia rumo à Tunísia, nos últimos dias. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para um "risco real" de epidemias nos acampamentos para refugiados na Tunísia.
Guerra civil
Aviões de guerra sob o comando de Kadafi atacaram a cidade de Al Brega, situada no leste do país e até então controlada pelos rebeldes – uma região de importância estratégica devido à sua localização. De acordo com declarações de autoridades do Mali e da Nigéria, Kadafi recrutou cerca de 800 guerrilheiros tuaregues na tentativa de sufocar os levantes na Líbia.
A embaixada alemã em Trípoli foi fechada "por questões de segurança". Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), afirmou que a aliança militar não tem intenção de atacar militarmente a Líbia, mas se prepara para "qualquer eventualidade". Rasmussen salientou, contudo, que até o momento a ONU não autorizou qualquer emprego de violência. A Liga Árabe também se posicionou contra uma intervenção militar.
"Chamem Bush!"
Catherine Ashton, chefe da diplomacia da UE, convocou para a próxima quinta-feira (10/03) uma sessão especial dos chefes de Estado e governo do bloco, a fim de debater a questão.
De acordo com o ministro Westerwelle A ideia de um bloqueio do espaço aéreo líbio deve ser considerada com cautela, embora seja "uma opção". Os adversários de Kadafi na Líbia pedem uma medida do gênero, em resposta aos bombardeios.
"Chamem Bush. Proíbam os vôos, bombardeiem os aviões", gritam rebeldes, evocando o bloqueio da Força Aérea iraquiana, decretado pelo então presidente norte-americano George Bush (pai), em 1991.
SV/ dpa/rtr/afp
Revisão: Augusto Valente