Pede para sair
18 de maio de 2011Detido pela polícia dos Estados Unidos sob acusações de agressão sexual e tentativa de estupro, o presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, enfrenta agora uma crescente pressão de líderes norte-americanos e europeus para deixar o cargo, o qual ocupa desde 2007.
Jean-François Copé, presidente do UMP (União por um Movimento Popular), partido de Nicolas Sarkozy, afirmou nesta quarta-feira (18/05) que o nome do substituto para Strauss-Kahn deve ser proposto nos próximos dias. "Não vejo como ele pode continuar realizando seu trabalho como dirigente do FMI. Então, por definição, esta questão deve ser resolvida nos próximos dias", garantiu Copé.
O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, também declarou que Strauss-Kahn não tem mais condições de representar a instituição e defendeu a nomeação de um presidente interino. "Tem muita coisa acontecendo no mundo e é preciso que o FMI tenha capacidade de ajudar", afirmou Geithner, ex-funcionário da instituição financeira. Segundo nota do FMI, o primeiro vice-diretor-gerente, John Lipsky, responde provisoriamente pela instituição.
O francês Strauss-Kahn, 62 anos, teve seu pedido de fiança recusado nesta segunda-feira após sua primeira aparição no tribunal de Nova York. A camareira do hotel onde Strauss-Kahn estava hospedado afirma que foi atacada por ele, nu, e que ele teria tentando fazer sexo com ela. O francês negou as acusações e agora aguarda na prisão de Rikers Island a sua próxima audiência, marcada para esta sexta-feira.
Imagem do FMI
A ministra austríaca de Finanças, Maria Fekter, afirmou que DSK – como Strauss-Kahn é conhecido na França – deve considerar que, ao não renunciar, ele está "trazendo prejuízos" à imagem do FMI. O secretário britânico do Exterior, William Hague, tem opinião semelhante: "Ele está numa posição muito difícil e isso não pode interferir no importante trabalho da organização."
Mais contundente na defesa da permanência de Strauss-Kahn, no entanto, o primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean Claude Juncker, que também é o líder do Eurogrupo, disse considerar "indecente" a indicação de um substituto ao francês sem que ele tenha renunciado ao cargo ou sido considerado culpado.
Na França, líderes do Partido Socialista – legenda de DSK – estão indignados com a forma como ele foi exibido para a mídia quando foi preso no Aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, no último sábado. A imagem do socialista algemado chocou a opinião pública francesa. Ele vinha sendo apontado como favorito para desbancar o presidente, Nicolas Sarkozy, nas eleições do ano que vem e conduzir a esquerda novamente ao poder, após 24 anos na oposição.
Para observadores, o presidente francês pode ser o maior beneficiado com a derrocada de Strauss-Kahn, que provavelmente estará fora da corrida eleitoral. Cauteloso, porém, Sarkozy tem pedido aos políticos de centro-direita que mostrem "moderação e dignidade" com relação à delicada situação do adversário, e que evitem falar sobre o assunto.
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Revisão: Nádia Pontes