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Crescem críticas à guerra no Afeganistão

Estelina Farias31 de outubro de 2001

Sindicato dos Metalúrgicos e deputados governistas da Alemanha exigem fim dos ataques dos EUA. Governo e oposição querem bombardeios até a queda dos talibãs.

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Enquanto os Estados Unidos intensificavam os ataques aéreos hoje às posições dos talibãs ao norte de Cabul, aumentavam na Alemanha as críticas aos bombardeios contra alvos no Afeganistão. O poderoso Sindicato dos Metalúrgicos exigiu que o governo alemão e a União Européia se empenhem juntos por um cessar-fogo imediato e uma chance para soluções políticas visando uma nova ordem estatal no país dos mulás. Vários políticos dos partidos governistas social-democrata (SPD) e Verde também reclamaram do grande número de vítimas civis e levantaram dúvidas sobre o sentido da guerra.

O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, ao contrário, está tentando hoje, em Pequim, reforçar o apoio da China à coalizão internacional contra o terrorismo. Com o mesmo objetivo, o chefe de governo alemão esteve no Paquistão e na Índia. Antes de partir para a viagem aos três países, Schröder rejeitou a exigência da presidenta do Partido Verde, Claudia Roth, de uma suspensão temporária dos bombardeios para possibilitar ajuda aos milhões de flagelados afegãos antes do rigoroso inverno na região. Ele é pelo prosseguimento dos ataques até a queda esperada do regime talibã e a destruição das bases do terrorista Osama bin Laden, suposto responsável pelos atentados de 11 de setembro.

Cessar-fogo - Em Nova York, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, sugeriu um fim imediato da guerra. Annan disse que os bombardeios devem cessar para que a ONU possa abastecer a população afegã faminta antes de começar o iminente inverno rigoroso. O Prêmio Nobel da Paz deste ano exigiu expressamente o fim dos ataques e não somente uma suspensão dos bombardeios. O líder dos talibãs no Afeganistão, o mulá Mohammed Omar, rejeitou até agora um engajamento da ONU no conflito.

Vítimas - Em Berlim, o secretário-geral do SPD, Franz Müntefering, rejeitou a exigência de vários deputados do partido presidido pelo chefe de governo Schröder, de uma suspensão dos bombardeios. Os deputados Michael Müller e Rüdiger Veit justificaram que os danos humanos são muito grandes. Além disso, eles acham que Osama bin Laden não pode ser capturado com bombardeios. Segundo o regime talibã, os ataques americanos já custaram a vida de 1.500 pessoas. Müntefering observou que cinco milhões de afegãos já tinham fugido e padeciam fome antes dos atentados em Nova York e Washington.

Califa - Com a exceção do neocomunista PDS, todos os partidos oposicionistas alemães apóiam a política oficial favorável ao prosseguimento da ofensiva militar dos EUA. A coalizão alemã de governo conta também com o apoio da oposição conservadora ao seu pacote de medidas para combater o terrorismo e quer mais medidas para restringir as liberdades individuais e reforçar a segurança interna. Hoje mesmo, o presidente da União Social-Cristã (CSU), governador da Baviera, Edmund Stoiber, exigiu que o extremista islâmico autodenominado "Califa de Colônia", o turco Metin Kaplan, seja expulso da Alemanha.

Kaplan está cumprindo uma pena de quatro anos de prisão a que foi condenado em 2000 por ter mandado matar o seu rival Ibrahim Sofu. Sua organização islâmica está na mira para ser proibida logo que entrar em vigor o novo pacote de medidas antiterror proposto pelo Ministério do Interior. Ela propaga o fim do Estado turco e a criação de um Estado islâmico na Turquia, semelhante ao do Irã.