Eleições na Espanha
20 de novembro de 2011Na certeza de uma vitória esmagadora dos conservadores do Partido Popular (PP) e com muitas dúvidas ainda por esclarecer: é assim que amanhecerá a Espanha na segunda-feira (21/11), após a realização das eleições gerais antecipadas. Com a maioria absoluta garantida, de acordo com todas as sondagens – o PP espera obter pelo menos 45% dos votos –, a atenção da noite eleitoral estará concentrada em conhecer a dimensão da derrota dos social-democratas do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). Previsivelmente ele colherá seus piores resultados desde 1977, ano das primeiras eleições livres desde a restauração da democracia.
Um verdadeiro voto de protesto, motivado pela péssima situação em que se encontra a economia espanhola: novamente estagnada e com uma taxa de desemprego de 22,6%, segundo os últimos dados do escritório europeu de estatística, Eurostat. A grande maioria dos espanhóis apostará na mudança. Muitos deles esperançosos que a chegada dos conservadores ao poder leve, como em 1996, ao início de uma era de prosperidade econômica.
Na época, a crise também havia levado o desemprego para cima dos 20%. Depois de 14 anos de governo socialista, o PP chegou ao poder. Entre 1996 e 2004, o país viveu um autêntico milagre econômico, impulsionado pela atividade do setor imobiliário e o acesso maciço ao financiamento do exterior. Um modelo que o governo socialista presidido por José Luis Rodríguez Zapatero manteve até o início da crise financeira mundial em 2008. Desde então, a situação econômica só piora. Mas, diferente de 1996, já não se pode usar a mesma receita no atual contexto econômico internacional.
Incógnitas do dia seguinte
Confiante na vitória, o candidato do PP à presidência, Mariano Rajoy, apenas esboçou seu programa econômico durante a campanha eleitoral. A geração de empregos é sua principal meta, afirma – ainda que sem explicar como pretende alcançá-la. Mais incógnitas: ele tampouco adiantou como pensa em levar a cabo seus objetivos de austeridade e disciplina fiscal e cumprir, ao mesmo tempo, com a promessa de atingir recordes sociais.
Também ainda está por se saber como os mercados vão reagir à mudança no Executivo espanhol. Na Grécia e na Itália, as recentes trocas de governo não pareceram ter servido para diminuir a pressão. Os juros da dívida pública espanhola também voltaram a atingir recordes históricos, enquanto a meta de fechar o ano com um déficit público de 6% parece cada vez mais distante.
Diante desse cenário, cabe plantar uma última incógnita: gozará o novo governo de liberdade de manobra em matéria fiscal e econômica ou deverá submeter-se à cartilha dos mercados e á tutela de Berlim e de Bruxelas? A segunda opção parece a mais provável. Até agora, os conservadores do PP apoiaram, da bancada da oposição, todas as reformas exigidas no exterior e que foram aprovadas pelo governo socialista. Inclusive a polêmica reforma constitucional para limitar por lei o endividamento público.
Autor: Emili Vinagre (ff)
Revisão: Augusto Valente