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Crise entre Belarus e UE favorece Moscou, dizem analistas

1 de março de 2012

Novas sanções da UE intensificam guerra diplomática do bloco contra Belarus. Especialistas alertam que o esfriamento das relações com a UE pode levar Minsk a aumentar sua dependência em relação à Rússia.

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Foto: RIA Novosti

As relações entre a União Europeia e Belarus atravessam um período politicamente difícil. A UE decidiu retirar para consultações todos os seus embaixadores da ex-república soviética, como reação à decisão do governo de Minsk de expulsar os embaixadores da UE e da Polônia no país e retirar seus próprios representantes diplomáticos para a UE e na Polônia.

As medidas de Belarus são, por sua vez, uma reação às novas sanções da UE devido à continuada violação dos direitos humanos promovida por Minsk. Para aumentar a pressão, os ministros do Exterior da UE concordaram na terça-feira à noite (28/02) em decretar proibições de entrada no bloco e bloqueio de bens para 19 juízes e dois policiais bielorrussos.

Esses funcionários públicos são considerados responsáveis por detenções e condenações de opositores do regime e completam uma lista negra existente nos países-membros da UE, prevendo sanções contra 210 representantes da administração bielorrussa que estariam envolvidos na opressão da oposição e da sociedade civil do país.

Especialistas preveem consequências negativas

Ativistas dos direitos humanos e políticos da oposição de Belarus acreditam que o conflito entre Bruxelas e Minsk deverá recrudescer ainda mais. Eles responsabilizam especialmente o presidente Alexander Lukashenko, que governa autoritariamente. "Lukashenko, na verdade, declarou guerra ao Ocidente através dos canais diplomáticos", diz o presidente do Partido dos Cidadãos Unidos, Anatoly Lebedko. Os últimos desdobramentos, segundo ele, podem trazer consequências catastróficas para Belarus.

Lukashenko governa autoritariamente
Lukashenko governa autoritariamenteFoto: picture alliance/dpa

O comportamento do governo de Minsk mostra, na opinião do ativista, que a política do país é determinada exclusivamente pelo presidente Alexander Lukashenko e que suas decisões têm, muitas vezes, apenas caráter emocional.

O cientista político bielorrusso Valery Karbalevitch também acha que a situação está piorando. "Uma briga deste tipo entre Belarus e a União Europeia não acontecia há muito tempo", comentou, em entrevista à DW. Karbalevitch acredita que Alexander Lukashenko provocou a crise deliberadamente. Ele acha que a UE reagirá com novas sanções ao comportamento de Belarus. Karbalevitch é um dos principais comentaristas independentes da mídia bielorrussa. Ele é editor-chefe da revista Gramadzjanskaja alternatiwa (alternativa dos cidadãos).

Alexander Klaskovski, também cientista político independente bielorrusso, vê até mesmo uma "guerra diplomática" entre Bruxelas e Minsk, um conflito que piora, à medida que cada lado determina medidas de resposta cada vez mais duras. Essa disputa terá consequências ruins para Belarus, opina. "O governo bielorrusso não pode suportar uma guerra econômica contra a UE. Então, certamente vai continuar pressionando a oposição, ONGs e meios de comunicação independentes", diz o analista.

Rumo aos braços do Kremlin

Anatoly Lebedko Leiter der Partei OGP Vereinte Bürgerpartei
Político da oposição bielorrussa Anatoly LebedkoFoto: DW

Analistas e ativistas da oposição temem que o país, já em grande parte isolado internacionalmente, possa agora cair em uma dependência ainda maior em relação à Rússia. “Na política externa, Belarus vai se inclinar ainda mais em direção a Moscou”, acredita o político de oposição Vitaly Rymachevski. "Os erros políticos da liderança em Minsk têm consequências desastrosas para Belarus, aprofundando a dependência em relação à Rússia", frisou. O político da oposição Grigory Kostusev disse em Minsk: "Esta estrada leva direto aos braços do Kremlin."

Por outro lado, o porta-voz do Ministério bielorrusso do Exterior, Andrei Savinykh, afirmou que a retirada de embaixadores da UE poderá ter "resultados positivos". "Se eles levarem para casa a lição de que uma pressão sobre Minsk é inútil, isso pode permitir um diálogo construtivo", disse.

Autor: Markian Ostaptschuk (md)
Revisão: Carlos Albuquerque