Crise na Síria só pode ser resolvida com Moscou, diz Merkel
5 de junho de 2015Uma solução para a guerra civil na Síria só será possível com a participação da Rússia, afirmou nesta sexta-feira (05/06), em entrevista à DW, a chanceler federal alemã, Angela Merkel. Por isso, disse a chefe de governo, Moscou permanece como "parceiro importante" em outros fóruns além do G7.
As declarações da chanceler, que exerce atualmente a presidência temporária do G7, são dadas dois dias antes do início da cúpula do grupo na Baviera. Segundo ela, a Rússia não pode ser incluída no atual formato do organismo porque "não se aproximou" de várias ideias defendidas pelas nações mais industrializadas do mundo.
A chanceler afirmou que, quando a Rússia foi aceita no círculo do G7, em 1998, esperava-se "maiores interesses comuns", particularmente nos esforços de defesa. Como exemplo ela citou o Conselho Otan-Rússia, estabelecido em 2002 como ferramenta de diálogo diplomático em questões de segurança.
Crítica ao combate a epidemias
Na entrevista, a chanceler destacou um déficit nos esforços mundiais de combate a epidemias e pandemias. O tema, segundo ela, precisa ser abordado durante a cúpula deste domingo e desta segunda, no Castelo Elmau, na Baviera.
Merkel afirmou que, quando a epidemia de ebola eclodiu, em 2014, em três países do oeste da África, a comunidade internacional "não reagiu bem". A reação, de acordo com ela, foi "tardia demais e sem a cooperação suficiente". "Isso não pode acontecer de novo", disse.
No segundo dia da cúpula do G7, na segunda-feira, estarão presentes vários líderes africanos, entre eles a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf. O país foi o epicentro da epidemia de ebola, e no auge da crise, em setembro de 2014, a chefe de Estado fez um dramático apelo a Merkel por ajuda. A presença de Sirleaf, destacou a chanceler alemã, deixa evidente novamente "a importância do tema".
Otimismo sobre Grécia
Merkel se mostrou otimista que as atuais negociações com Atenas "possam terminar com sucesso". Porém, afirmou não esperar que a crise ofusque a cúpula do G7. Grécia, destacou ela, não é um tema central na agenda. Nas discussões, segundo a chanceler, certamente se falará da situação na zona do euro, mas outros pontos poderão estar em destaque, como o sucesso da Irlanda, economia que mais cresce no bloco, ou a recuperação de Portugal e Espanha.
Na entrevista, a chanceler alemã destacou também que os membros do G7 são "Estados democráticos, que compartilham os mesmos valores". Entre eles, prosseguiu, "há um intercâmbio livre e intenso", baseado na ordem democrática. Porém, destacou a chanceler, ao mesmo tempo são necessários formatos complementares, como o G20, que reúne países com diferentes ordens sociais.
(A íntegra da entrevista será publicada dentro de instantes.)