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Cruz Vermelha alerta para aumento da pobreza na Europa

14 de março de 2013

A Cruz Vermelha reforça a asistência alimentar nos países da Europa, empobrecida pela crise econômica. Distribuição é a maior desde a Segunda Guerra Mundial. Espanha e Bulgária são as mais carentes.

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Foto: picture-alliance/dpa

"Até as famílias de classe média, com um ou dois de seus membros desempregados, começaram a pedir nossa ajuda" afirmou o porta-voz da Cruz Vermelha José Javier Sánchez Espinosa.

A Cruz Vermelha Internacional distribui comida em quase 20 países-membros da União Europeia. Apenas na Espanha, são 3 milhões de dependentes da sua assistência, que não provê apenas alimentos, mas também concede ajudas para pagar contas de água e eletricidade e aluguéis.

As conseqüências sociais da crise econômica causaram alarme na Comissão Europeia. Seu presidente, José Manuel Barroso, definiu o impacto da crise como tema da próxima conferência da comissão. Entre os mais ameaçados de pobreza duradoura estão os jovens, imigrantes e mães e pais solteiros.

"A divisão da sociedade deve ser combatida em todos os níveis, começando com a introdução de um salário mínimo, que assegure a sobrevivência", observou o cientista político e pesquisador da pobreza, Christoph Butterwegge, em entrevista à DW.

Contraste social aumenta

De acordo com dados da UE, desde o início da crise econômica em 2008, cerca de metade de seus países-membros passou a correr risco de empobrecimento. A situação mais dramática é a da Bulgária: já em 2011 metade de sua população estava ameaçada por pobreza ou exclusão social.

PK Jose Manuel Barroso in Brüssel
Presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.Foto: Reuters

O alerta da Cruz Vermelha põe em evidência as diferenças regionais na Europa. Na Alemanha, ela não precisa realizar distribuição de comida, enquanto na Grécia, segundo a organização Medico Internacional, boa parte da população já não consegue mais financiar o próprio seguro-saúde.

"Se os países estão mais pobres e os fundos disponíveis não são mais suficientes, cabe então às instituições humanitárias ajudar os necessitados. Esse é um desdobramento inédito na Europa", esclarece em entrevista à DW o porta-voz da Cruz Vermelha alemã, Fredrik Barkenhammar.

A Cruz Vermelha já vem atuando há um bom tempo em alguns países da UE com um programa de alimentação que funciona através de doações. "A pobreza vai se alastrando a partir do meio da classe média. Isso tem certamente a ver com uma política que favorece as classes mais altas, por exemplo, do ponto de vista tributário", explica Butterwegge.

Os países do Leste Europeu são mais afetados pela crise porque seus cidadãos costumam ter menos dinheiro em poupanças e investimentos, e os sistemas de seguridade social são mais fracos que os da Europa central e ocidental.

Espanha derrotada pela crise

No ano passado a Cruz Vermelha espanhola começou a pedir doações para os necessitados do próprio país, ao invés de direcionar a ajuda aos países em desenvolvimento, como de costume.

Proteste in Madrid Spanien
Espanha é um dos países mais abalados pela crise europeia.Foto: Cesar Manso/AFP/Getty Images

Há também uma campanha para prestar assistência aos cidadãos mais afetados pelo alto índice de desemprego. Sob o slogan "Agora, mais do que nunca", espera-se arrecadar 30 milhões de euros para serem distribuídos entre 300 mil necessitados no país. Pontos de coleta foram espalhados em toda a Espanha.

"Isso é apenas uma gota no oceano", lamenta Butterwegge. O cientista político analisa que essas doações poderão trazer ajuda em termos individuais, mas não resolvem o problema. Segundo ele, uma solução de verdade seria estabelecer uma nova política econômica, fiscal e social.

Autora: Rachel Baig (rc)
Revisão: Augusto Valente