1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Câmara aprova PEC dos benefícios sociais em ano eleitoral

14 de julho de 2022

Apelidada de "Kamikaze", PEC foi aprovada por 469 votos a 17 e institui um estado de emergência no país para criar e ampliar benefícios sociais - e contornar regra que proíbe lançar novos programas em ano de eleição.

https://p.dw.com/p/4E5a7
Plenário da Câmara com alguns deputados, a maioria em pé
Para garantir o quórum necessário, o presidente da Câmara, Arthur Lira, liberou o trabalho remotoFoto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (13/07) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que institui um estado de emergência no país para criar e ampliar benefícios sociais a poucos meses das eleições - apelidada de PEC Kamikaze. Foram 469 votos a favor e apenas 17 contra. Para garantir o quórum necessário, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), liberou o voto remoto.

O texto segue para promulgação, uma vez que já  havia sido aprovado pelo Senado por 67 votos a 1.

A medida reajusta as parcelas do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, aumenta o valor do Auxílio Gás de R$ 53 para R$ 120, pagos a cada dois meses, e cria um Auxílio Caminhoneiro mensal de R$ 1 mil, pagos aos profissionais autônomos.

O texto inclui ainda um auxílio para taxistas, um repasse de até R$ 3,8 bilhões para a manutenção da competitividade do etanol em relação à gasolina e outro no valor de R$ 500 milhões para o programa Alimenta Brasil.

As medidas estabelecidas pela PEC serão válidas até o final do ano, quando termina o mandato atual do presidente Jair Bolsonaro, e têm um custo total de R$ 41,25 bilhões, despesa que ficaria de fora do teto de gastos.

Estado de emergência

A Lei das Eleições proíbe a criação, pelo governo, de benefícios sociais no ano do pleito, exceto nos casos de calamidade pública, estado de emergência ou de programas sociais já autorizados em lei e em execução orçamentária no exercício anterior – para evitar o uso eleitoreiro desses programas.

O Palácio do Planalto busca formas de se proteger da acusação de crime eleitoral. Por esse motivo, a PEC decreta o estado de emergência no país.

A oposição, apesar de também ter votado a favor da PEC, ressaltando a necessidade de fornecer ajuda às populações mais carentes, criticou o fato de que as medidas visariam beneficiar diretamente a campanha para a reeleição de Bolsonaro.

Os deputados rejeitaram um destaque apresentado pelo PT que pretendia retirar do texto a instituição do estado de emergência no país. O governo justificou a medida em razão do impacto gerado pela guerra na Ucrânia, que resultou em uma alta global no preço dos combustíveis e uma crise alimentícia global.

O relator da PEC, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), argumentou que o estado de emergência valeria apenas para os benefícios previstos na proposta, e que não se trata de passar um "cheque em branco" ao governo.

le (ots)