Cúpula da Otan
20 de novembro de 2010A defesa antimíssil irá se tornar parte integrante do conjunto da defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que passa a manter assim "uma combinação adequada de forças convencionais, nucleares e de defesa antimíssil", indica a declaração final do encontro de dois dias que reuniu na capital portuguesa governantes dos 28 países-membros da aliança militar.
Na declaração final da 24ª cúpula da Otan, que se encerrou neste sábado (20/11) em Lisboa, a organização manifestou, por outro lado, seu desejo de rápida ratificação do novo tratado de redução de armas estratégicas Start, assinado pelos Estados Unidos e pela Rússia. "Saudamos a conclusão do novo tratado Start e estamos ansiosos pela sua rápida ratificação e implementação", afirmaram os aliados da Otan.
Aproximação com a Rússia
O Conselho Otan-Rússia também se reuniu no último dia do encontro. Esta foi a primeira vez, desde o conflito da Geórgia há dois anos, que a Otan e a Rússia se reuniram em encontro de cúpula. Neste sábado, o presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, encontrou-se com os 28 chefes de Estado e governo da aliança militar.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, comunicou que sua organização acordou um tratado com Moscou sobre o transporte de suprimentos para as tropas internacionais no Afeganistão através do território russo.
Citando fontes diplomáticas, a agência de notícias DPA informou que o presidente russo aceitou o convite da Otan para cooperar com o sistema de defesa antimíssil, mas exige uma parceria com igualdade de direitos.
A declaração final do encontro aponta que Otan e Rússia pretendem avaliar essa cooperação até meados de 2011. Segundo a agência de notícias Reuters, a declaração final da cúpula indica que a Otan e a Rússia teriam chegado a um novo patamar em sua cooperação e pretendem formar uma "verdadeira parceria estratégica".
Segundo diplomatas, a premiê alemã, Angela Merkel, e o presidente norte-americano, Barack Obama, teriam defendido maior cautela na formulação dessa parceria. "Há muita coisa a ser feita antes de uma verdadeira cooperação", disse Merkel. A chefe alemã de governo teria falado todavia sobre a "oportunidade de um capítulo novo e verdadeiramente produtivo entre a Otan e a Rússia".
Retirada do Afeganistão
Quase uma década após o início da missão militar internacional no Afeganistão, a cúpula da Otan em Lisboa aprovou neste sábado uma estratégia de transferência gradativa da responsabilidade pela segurança do país ao Exército e polícia afegãos.
A estratégia prevê o fim de todas as missões de combate de forças da Otan no Afeganistão até 2014. O processo deverá se iniciar já no começo de 2011 em algumas "províncias e distritos", estipulou a Otan.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, e o presidente afegão, Hamid Karzai, assinaram o acordo no qual os 28 países-membros da aliança militar e 20 outras nações que participam da Isaf (Força Internacional de Assistência para a Segurança no Afeganistão) endossam o cronograma de retirada das tropas.
No entanto, a partir de 2014, tropas internacionais ainda deverão continuar no país. Além do plano de retirada, a Otan e o Afeganistão acordaram uma "parceria a longo prazo". Dessa forma, a Otan pretende evitar que os talibãs adiem suas tentativas de tomada de poder para depois da retirada das tropas, disse Rasmussen.
O governo dos Estados Unidos, todavia, parece não concordar totalmente com a estratégia aprovada pela Otan. Um dirigente sênior do governo norte-americano declarou à agência de notícias AP que os Estados Unidos não se comprometeriam a acabar a sua missão de combate no Afeganistão no fim de 2014. Na sexta-feira, o embaixador dos EUA na Otan, Ivo Daalder, dissera a jornalistas que a meta de 2014 e o fim da missão de combate no Afeganistão "não são uma e a mesma coisa".
Austeridade econômica
A Otan decidiu economizar. Neste sábado em Lisboa, os 28 países-membros da aliança militar aprovaram uma drástica redução do número de quartéis-generais. A quantidade de funcionários também deverá ser reduzida em 35%, o que implica o corte de 5 mil postos de trabalho.
A declaração final prevê ainda a redução do número de agências da Otan de 14 para três. Nessas agências trabalham cerca de 7 mil pessoas. No momento, a aliança militar possui 11 quartéis-generais com 12,5 mil funcionários. Até junho próximo, a organização deverá decidir que locais deverão ser fechados.
À margem da cúpula finalizada neste sábado em Lisboa, milhares de pessoas protestaram pelas ruas da capital portuguesa contra a aliança militar com o slogan "Paz agora, fim à Otan". O protesto foi organizado por grupos pacifistas, sindicatos e pelo Partido Comunista Português.
CA/lusa/dpa/rtr/afp
Revisão: Simone Lopes