Terrorismo
24 de outubro de 2008Eric Breininger é o rosto de uma geração de terroristas que quer levar o Jihad, a "guerra santa", para o Ocidente. Em um ano, ele se transformou de aluno de escola de uma pequena cidade alemã em terrorista internacionalmente procurado.
Eric é do tipo simpatizante. Um pouco gorducho e sempre vestido na última moda, ele lutava dia após dia por reconhecimento na vida pacata que levava na cidade de Neunkirchen, no estado alemão do Sarre. Ele queria participar dos acontecimentos e não ser chacoteado como outsider.
Seus pais eram separados. Eric morava com a irmã na casa da mãe. Seu rendimento na escola era mediano. Nas horas de lazer, ele jogava futebol, fumava haxixe, bebia álcool, entrava freqüentemente em brigas e tinha problemas com a polícia.
Nem bronzeamento artificial nem carne de porco
Em dezembro de 2006, Eric, que hoje está com 21 anos, começou a trabalhar como entregador de encomendas, além de freqüentar a escola de comércio. Um trabalho com conseqüências assoladoras. Ele conheceu um paquistanês que lhe falou entusiasmado da interpretação extremista do Corão. Um divisor de água em sua vida.
Ele jogou fora o crucifixo que carregava no pescoço, queimou CDs e camisetas no jardim, não foi mais à academia de ginástica, deixou de fazer bronzeamento artificial, parou de jogar futebol. Para ele, só uma coisa contava – o islamismo radical. Não passou um ano e Eric se convertera ao islamismo.
No seu círculo de correligionários, com quem rezava conjuntamente na mesquita de Neunkirchen, ele encontrou o que procurava – reconhecimento, respeito e a convicção de que era algo melhor, de pertencer a um grupo que conhecia a verdade.
Mobiliário do quarto vendido através do comércio eletrônico
Eric aprendeu árabe e passou a se chamar Abdul Ghaffar el Almani. Passou a evitar amigos e tendências da moda. Ele parou de fumar, de beber e não comia mais carne de porco. Casou na mesquita perante um imame com uma jovem alemã que, a partir de então, passou a usar a burka. A relação não durou muito. "Ele queria que eu cozinhasse, limpasse e que tivesse filhos algum dia. Ele também falou que procuraria ainda outra mulher", comentou sua esposa após tê-lo deixado.
Em julho de 2007, Eric largou a escola e vendeu o mobiliário de seu quarto através do comércio eletrônico. Dois meses depois, deixou a Alemanha na direção ao Egito. Mais tarde, ele partiu para o Paquistão. Enquanto isso, em casa, alguns de seus irmãos de fé, o assim chamado Grupo de Sauerland, construíam bombas e foram descobertos pela polícia, que entrou em ação.
Em março de 2008, ele escreveu à irmã que queria lutar por Alá no Afeganistão. O Departamento Federal de Investigações (BKA) ficou sabendo e imprimiu fotos de Breininger para as unidades estacionadas no Afeganistão. As autoridades da área de segurança pressupunham que Breininger esteve num campo de treinamento de terroristas no Paquistão.
"Não planejo nenhum atentado contra a Alemanha"
"Eu me encontro no Afeganistão e, pessoalmente, não planejo nenhum atentado contra a República Federal da Alemanha. Quando se acompanham as notícias na imprensa alemã, logo se nota que o povo alemão é ludibriado pela política", afirmou o procurado em sua mais nova mensagem em vídeo.
Esta não dá motivos para despreocupação: especialistas em terrorismo estão seguros de que Eric irá se explodir no ar. Com metralhadora e turbante, ele anunciou em páginas de internet islamitas: "Como quer Alá, ele me levará como jihadi [guerreiro do Jihad] para si". Segundo um alto funcionário da área de segurança, o jovem é muito perigoso.
Especialistas em terrorismo estão de acordo que Breininger também poderia ter se tornado neonazista. No seu caso, trata-se de reconhecimento, de atenção. A causa por que luta é secundária. Foi uma coincidência o fato de ele ter se tornado terrorista. Para os jihadistas, ele é um "idiota útil", como afirmou um funcionário. Seu nome Abdul Ghaffar el Almani não significa nada mais que o "servo do todo misericordioso".