Declaração de governo
14 de dezembro de 2006Duas semanas antes do início da presidência rotativa alemã da União Européia e do G8, grupo dos principais países industrializados e Rússia, a chanceler federal alemã apresentou sua declaração de governo nesta quinta-feira (14/12) em Berlim.
Em alusão à presidência dos dois grêmios, Angela Merkel anunciou no Parlamento alemão que "o governo sozinho não conseguirá realizar esta tarefa". A chanceler federal alemã apelou para a colaboração da coalizão, Estados e oposição.
Com exceção dos liberais, Merkel recebeu duras críticas da oposição, principalmente pelas divergências em torno da Turquia. A chanceler federal, entretanto, não perdeu a oportunidade de relembrar a Copa do Mundo como fator de união nacional.
Paixão nacional
"Façamos destas presidências um desejo nacional." Merkel lembrou o último Campeonato Mundial de Futebol, realizado na Alemanha. No próximo ano, o país poderá entusiasmar o mundo também de outra forma, comentou a chanceler.
A partir de 1° de janeiro de 2007, a Alemanha assumirá por seis meses a presidência do Conselho da União Européia, sucedendo à Finlândia, e por um ano a presidência do G8.
Para um Parlamento alemão esvaziado, Merkel anunciou os pontos principais da presidência alemã dos dois blocos, pouco antes de partir para o encontro de cúpula da União Européia, que se realiza nesta quinta e sexta-feira em Bruxelas.
Alemanha com muitas boas intenções
Política energética, proteção climática, desburocratização, maior integração do mercado interno, estabilização do oeste dos Bálcãs e a paz no Oriente Médio estão entre os temas que ocuparão a presidência alemã da UE no primeiro semestre de 2007.
Além destes pontos, a chanceler federal reafirmou a meta de concretizar um projeto de Constituição até as eleições européias de 2009. "Nós precisamos de um contrato de Constituição", afirmou Angela Merkel
Como presidente do grupo dos sete países industrializados e Rússia (G8), a Alemanha quer aproveitar o ano que vem para a formação de uma política de globalização. "Nós não devemos esquecer esta pretensão", declarou Merkel.
Segundo a declaração de Merkel, trata-se, principalmente, de tornar os mercados de capital mais transparentes, de fortalecer a proteção à propriedade intelectual, de criar perspectivas para a África e de avançar nas questões climáticas.
Turquia no centro dos debates
Merkel apoiou, por completo, a decisão dos ministros europeus das Relações Exteriores de suspender parcialmente as negociações de admissão com a Turquia por suas restrições a Chipre. Na opinião de Merkel, esta decisão não seria uma "ameaça", mas um "estímulo" para a Turquia.
Renate Künast, chefe da bancada do Partido Verde, criticou a posição de Merkel de atribuir somente erros de negociação à Turquia.
A posição da chanceler federal teria contribuído ainda mais para a escalada do conflito, comentou Künast, elogiando a atitude pró-turca do ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier. Aplausos só foram escutados dos partidos da União (CDU/CSU) e do Partido Liberal (FDP).
Para Guido Westerwelle, presidente do Partido Liberal, a ruptura continua entre os partidos da grande coalizão (CDU/CSU e SPD) quanto à questão turca. Fazendo alusão às divergências entre a posição de Merkel e a de Steinmeier nesta questão, Westerwelle comentou: "Na verdade, eles não concordam". Para o político liberal, isto poderia levar a um enfraquecimento da posição alemã dentro da União Européia.