Delineia-se perfil do novo governo
26 de setembro de 2002Durou pouco a primeira reunião de social-democratas e verdes para discutir a continuidade da coalizão de governo entre os dois partidos. Após pouco mais de uma hora, o chanceler federal, Gerhard Schröder, e o ministro do Exterior, Joschka Fischer, apresentaram bem humorados à imprensa em Berlim, nesta quarta-feira (25), o cronograma das negociações que começarão na próxima segunda-feira (30) com o esclarecimento da questão das finanças.
Prioridade terão os conteúdos, seguidos pelo debate a respeito da estrutura, e só por último se falará a respeito de cargos e pessoas. Schröder acredita que as negociações estarão concluídas até 18 ou 20 de outubro, quando os dois partidos realizarão suas convenções, "talvez até antes disso".
Verdes fortalecidos
Embora já transpareça a existência de alguns pontos polêmicos entre os parceiros, tais como o imposto ecológico ou a obrigatoriedade do serviço militar, ninguém duvida que as negociações serão rápidas e bem-sucedidas. Os dois partidos haviam anunciado já antes da eleição a intenção de dar prosseguimento ao trabalho conjunto à frente do governo.
O que muda, com certeza, é o peso que os verdes vão ter agora, levando em consideração o considerável sucesso de seus resultados nas urnas. Não se espera, porém, que eles se aproveitem disso para exigir para sua legenda mais um cargo de ministro. Os três atuais — Joschka Fischer, na pasta do Exterior, o ministro do Meio Ambiente, Jürgen Trittin, e Renate Künast à frente do Ministério da Agricultura e Defesa do Consumidor — devem permanecer em seus cargos e receber atribuições mais amplas.
Quem vai e quem fica no painel social-democrata
A despeito da afirmação de que as decisões quanto às pessoas vão ficar para mais tarde, muita coisa já aconteceu desde a noite da eleição. Mal ficou claro que o governo era o vencedor do pleito, Schröder anunciou que a bancada social-democrata no Parlamento seria liderada por Franz Müntefering, secretário-geral do partido e considerado como alguém que consegue manter as rédeas nas mãos.
Outros nomes do atual gabinete estão praticamente confirmados, tais como o da ministra da Educação, Edelgard Bulmahn, o do ministro da Defesa, Peter Struck, que sucedeu recentemente Rudolf Scharping no cargo, e o da ministra da Cooperação Econômica, Heidemarie Wieczorek-Zeul.
A ministra da Justiça, Hertha Däubler-Gmelin, evitou um provável vexame e colocou seu cargo à disposição, após a polêmica causada por sua pretensa comparação entre o presidente dos EUA, George W. Bush, e o ditador nazista Adolf Hitler.
Entre os ministros social-democratas que continuam na expectativa de uma confirmação ou não, encontra-se Walter Riester, do Trabalho, uma pasta a que se atribui grande importância, diante da atualidade da questão do desemprego. Há os que defendem a nomeação de Peter Hartz para a pasta. O executivo da Volkswagen ganhou notoriedade nacional ao presidir a comissão que apresentou propostas para o combate ao desemprego e ficou conhecida pelo seu nome. Outra possibilidade em debate é a criação de um superministério da Economia e do Trabalho.
Oposição
Quem saiu fortalecida da eleição foi Angela Merkel, presidente da União Democrata Cristã (CDU), eleita na terça-feira (24), com grande maioria, líder da bancada conjunta de seu partido com a União Social Cristã (CSU), do candidato derrotado à chefia do governo, Edmund Stoiber. Friedrich Merz, atual líder da bancada, renunciou a candidatar-se novamente ao cargo "em interesse da coesão do partido". Comenta-se que, em compensação, ele ganhará um cargo no diretório nacional da CDU, na próxima convenção do partido. Quanto a Stoiber, decidiu continuar no cargo de governador da Baviera.
No Partido Liberal, sacudido pela polêmica originada por Jürgen Möllemann com declarações anti-semitas, continua o debate interno e a luta pelo poder. Embora tenha renunciado à vice-presidência do partido nacional, Möllemann recusa-se a deixar o cargo de presidente do diretório estadual da Renânia do Norte-Vestfália. Uma convenção extraordinária deverá decidir a 7 de outubro sobre a questão.