Energia
16 de janeiro de 2007A Rússia enfrenta graves problemas de infra-estrutura e déficits de democracia, mas é uma potência energética mundial. Sobretudo os consumidores alemães e europeus começam a sentir o perigo que representa a dependência estrutural do petróleo e do gás russos.
A Alemanha, que extrai em seu próprio território apenas 3% do petróleo e 16% do gás que consome, importa cerca de 35% desses produtos da Rússia.
Já a União Européia importa 82% do petróleo e 57% do gás que consume. A maioria dos países-membros da UE têm apenas um país fornecedor de gás: a Rússia. E a dependência energética européia tende a aumentar, prevêem especialistas.
Potência energética
Moscou controla 6% das reservas mundiais de petróleo, 34% das de gás e 18% das de carvão mineral. As recentes interrupções no fornecimento do gás e petróleo que chegam à Alemanha e à UE através da Ucrânia e Belarus foram interpretadas como demonstração do novo poder da Rússia, que há tempo perdeu seu status de potência política e militar mundial.
Para tranqüilizar os europeus, o governo russo anunciou planos para aumentar o transporte de petróleo através do Mar Báltico. "Vemos estes planos com muita preocupação", disse o chefe do escritório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) na região, Jochen Lamp, nesta terça-feira (16/01).
Via marítima saturada
Ele disse que anualmente cerca de 750 navios-tanque cruzam o Mar Báltico, saindo do porto russo de Primorsk e passando pela chamada Kadetrinne – uma espécie de gargalo próximo à costa de Rostock, no Leste alemão. E este número deve aumentar para 1200 ao ano. "Esta via marítima está saturada, o que já provocou vários acidentes no passado", alerta Lamp.
Segundo o WWF, desde 1995, o volume de petróleo transportado pelo Mar Báltico setuplicou, atingindo 150 milhões de toneladas anuais. Até 2010, este volume deve aumentar para 150 milhões de toneladas/ano, prevê a organização ambientalista.
Desconfiança em relação a Moscou
Apesar das promessas russas de garantir o fornecimento de energia, iniciado há mais 40 anos, muitos europeus desconfiam da seriedade política de Moscou. Segundo o ministro alemão da Economia, Michael Glos, as interrupções recentes são a prova de que "temos de buscar alternativas para a energia importada do Leste".
Por enquanto, os países industrializados não têm como escapar dessa perigosa dependência. Bruxelas tem alguns planos de longo prazo. Até 2020, a União Européia quer reduzir em 13% seu consumo de energia, o que representaria uma economia de 100 bilhões de euros.
Com uma nova estratégia de compra, a UE quer reduzir os preços da energia importada. Até agora, cada país europeu faz sua própria encomenda. No futuro, Bruxelas pretende fazer as encomendas em nome dos 500 milhões de consumidores do bloco e, com isso, também dar uma demonstração de força.
Esta estratégia é considerada importante para enfrentar a concorrência no mercado mundial de energia, onde países como a China e a Índia fazem encomendas gigantes, inflacionando os preços para os demais. Só a Índia deverá quadruplicar seu consumo de energia nos próximos 25 anos. Peritos advertem que os europeus vão sentir na pele também esta fome de energia dos países emergentes.