Fósseis revelam origem do mundo moderno após dinossauros
25 de outubro de 2019Uma equipe de pesquisadores encontrou no Colorado, nos Estados Unidos, uma coleção de fósseis que permite entender como a vida se recuperou na Terra após o cataclismo que provocou a extinção dos dinossauros, abrindo caminho para o auge dos mamíferos, conforme um artigo publicado nesta quinta-feira (24/10) na revista Science.
"Há 66 milhões de anos, o curso da vida na Terra mudou radicalmente", diz Ian Miller, paleobotânico do Museu da Natureza e Ciência de Denver, que colaborou com o estudo. Naquele período, um asteroide gigante caiu no que hoje é a Península de Yucatán, no México, desencadeando um processo que levou à destruição de ecossistemas em todo o planeta.
"A colisão causou a extinção de três de cada quatro tipos de organismos vivos", acrescenta Miller. "Embora aquele tenha sido um período realmente ruim para a vida na Terra, algumas formas sobreviveram, incluindo alguns de nossos ancestrais mais antigos."
Todos os mamíferos modernos, entre eles os humanos, têm suas origens naqueles primeiros sobreviventes do impacto. "Agora temos fósseis de animais e de plantas, temos um impressionante registro do primeiro milhão de anos depois da extinção dos dinossauros", afirma Tyler Lyson, autor do estudo.
Ossos de 16 espécies de mamíferos foram identificados e relacionados a mamíferos modernos, como porcos, vacas e veados. Os fósseis também continham pólen, impressões de folhas e madeira petrificada.
A descoberta aponta para "a origem do mundo moderno", segundo Lyson, que é pesquisador no Museu da Natureza e Ciência de Denver. "Sabemos muito pouco sobre isso em todo o mundo", ressalta o especialista. "Pelo menos agora temos em um lugar um registro fantástico."
Os fósseis, que mostram como era a vida na América do Norte antes e depois da colisão do asteroide, foram descobertos numa região de penhascos íngremes cobrindo uma área de cerca de 17 quilômetros quadrados perto de Colorado Springs, em trabalhos que começaram três anos atrás.
Desde 2016, os paleontólogos documentaram na área quase mil fósseis de vertebrados, mais de seis mil plantas e contaram mais de 37 mil grãos de pólen como parte do estudo.
Pouco teria sido encontrado se os cientistas tivessem se limitado à prática padrão de procurar por pedaços de ossos. Isso mudou quando a busca incluiu pedras que podem se formar ao redor dos ossos. Quando as pedras foram quebradas, crânios e outros fósseis foram revelados.
Antes da extinção em massa, a área era uma floresta que abrigava dinossauros como o tiranossauro rex, enquanto os mamíferos não tinham mais que oito quilos ou o tamanho de cães pequenos.
Logo após o asteroide atingir a costa do México, a Terra entrou em um período de aquecimento, e a área ficou coberta de samambaias, enquanto o maior animal na paisagem pós-apocalíptica era do tamanho de um rato.
Cerca de 100 mil anos após o impacto, as palmeiras povoaram a floresta, e os mamíferos eram quase tão grandes quanto antes do asteroide, no que Lyson descreve como "uma recuperação bastante rápida".
Sem dinossauros por perto, os mamíferos continuaram a crescer. Cerca de 300 mil anos depois, eles eram do tamanho de grandes castores. Cerca de 700 mil anos após a extinção em massa, os maiores mamíferos eram 100 vezes mais pesados que os mamíferos que sobreviveram ao asteroide e tinham o tamanho de um lobo.
As primeiras plantas leguminosas, como ervilhas e feijões, também apareceram na época.
O asteroide que levou à extinção dos dinossauros originou a segunda pior extinção em massa do planeta, mas desencadeou os eventos evolutivos que muito mais tarde levaram ao surgimento de primatas e, consequentemente, ao aparecimento do Homo sapiens ou humanos.
A pior extinção em massa registrada foi a que ocorreu 252 milhões de anos atrás, que se acredita ter sido causada por vulcanismo extremo e que abriu o caminho para os primeiros dinossauros. "Extinções em massa são o botão da redefinição biológica", diz Lyson.
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