Desemprego juvenil atinge recorde histórico
11 de agosto de 2004As férias chegaram, é hora de trabalhar. Essa é a estratégia de grande parte dos estudantes alemães, de Munique a Hamburgo. Um emprego, não importa em que área, é a saída que muitos encontram, seja para se sustentar durante o semestre, para pagar uma viagenzinha de férias ou apenas para proclamar a independência em relação aos pais.
Segundo dados divulgados pela publicação alemã Spiegel Online, baseados em um atual levantamento da Associação Alemã de Estudantes (DSW), 65% dos estudantes alemães trabalham durante as férias, sendo que essa porcentagem é maior em Estados da ex-Alemanha Ocidental do que nos do Leste alemão.
As ocupações variam muito, indo desde carregador de mudanças até outras menos exaustivas, como babás e operadores de telemarketing. Cerca de 38% dos graduandos trabalham como auxiliares, enquanto 21% desempenham funções nas próprias universidades. Do total, apenas 12% exercem profissões liberais e 13% trabalham em áreas relacionadas às disciplinas que estudam.
Muitas empresas também saem em busca de estudantes quando precisam de substitutos em caso de doenças ou para cobrir férias de funcionários. Certas indústrias aumentam a produção durante a temporada e os estudantes são a solução ideal. Mas nesse verão a perspectiva é menos promissora.
De norte a sul do país
Ao que parece, as nuvens negras não escolheram uma ou outra cidade para estacionar. Na agência de empregos para estudantes Heinzelmännchen, de Berlim, por exemplo, a oferta de trabalhos temporários caiu pela metade nos últimos cinco anos, declarou a agência ao Spiegel Online.
Na agência de emprego de Munique, os pretendentes chegam a fazer fila. Segundo seu diretor, Hans Schreyegg, há cerca de dez vagas para cada 100 candidatos. Além da fraca conjuntura econômica, ele citou o fato de que muitos cargos antes exercidos por estudantes, especialmente nos setores de contabilidade ou gerenciamento logístico, hoje são feitos por computador.
Os estudantes também sentem nos salários o peso dos maus tempos. O pagamento pode variar de um a 99 euros por hora, explica Achim Meyer auf der Heyde, secretário-geral da Associação Alemã de Estudantes. Um euro por hora é o que ganharia, por exemplo, o filho de um fazendeiro para trabalhar na plantação da família, enquanto 99 euros por hora seria a remuneração de um programador de computadores ou de um consultor.
Mas, segundo Angelika Müller, da Agência Nacional de Trabalho, salários de 13, 12 e até 11 euros por hora praticamente não existem mais. Pior ainda é a situação dos estudantes do Leste europeu, que, em média, já recebem pagamentos mais modestos: a um salário de 10 euros no Oeste, corresponde um de 8 euros nos novos Estados da Alemanha.
Recorde histórico
O desemprego entre jovens (15-24a.) alcançou um novo recorde histórico. Segundo a Organização Mundial do Trabalho (ILO), 88 milhões de jovens não encontraram emprego em 2003. Internacionalmente, a média de jovens sem ocupação profissional é de 14,4%. Há dez anos, eram 11,7%.
Isso significa que, do total mundial de 186 milhões de desempregados, quase a metade são jovens. Jovens do Oriente Médio e do norte da África são os mais afetados. Entre os países industrializados, o desemprego juvenil é de 13,4%, em média.
Desemprego juvenil é problema europeu
Nos países da UE, essa taxa aumentou em relação às gerações anteriores. Na primavera de 2003, 18% dos jovens da União Européia entre 15 e 24 anos, tanto homens quanto mulheres, estavam à procura de emprego. Entre os maiores de 24 anos, essa taxa é de 7,8%, informou o Departamento Federal de Estatística.
Entre os países europeus, a Alemanha ocupa a sexta posição com 11%. A Áustria encabeça a lista com 6,1%, seguida por Holanda (6,6%), Irlanda (8%), Chipre (8,9%) e Dinamarca (9,8%). A situação piora sensivelmente nas regiões sul e leste da Europa, em países como Eslováquia (32,9%), Lituânia (26,9%) e Grécia (25,1%).
No caso alemão, deve-se levar em conta o fato de que os estudantes permanecem por mais tempo nas universidades, o que adia sua entrada no mercado de trabalho. Hoje, com 11% de jovens desempregados, o país está tanto abaixo da média mundial quando da européia.
Entretanto, a Alemanha registrou quedas significativas no índice de população economicamente ativa com idade entre 15 e 29 anos: enquanto esse índice era de 63% em 1991, em 2003 ele baixou para 48%. Nos Estados do Leste alemão, a diferença é ainda mais gritante: caiu de 70 para 40%.