Desemprego médio em 2015 foi de 8,5%
15 de março de 2016A situação do mercado de trabalho brasileiro piorou no último trimestre de 2015, em meio a um cenário de forte recessão econômica e inflação elevada. Segundo o IBGE, no final do ano passado havia 9,1 milhões de pessoas à procura de um emprego no Brasil.
Isso são 2,6 milhões de desempregados a mais do que no último trimestre de 2014, quando a taxa de desemprego era de 6,5%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2015, quando a taxa era de 8,9%, o total de desempregados ficou estatisticamente estável.
Esses 9,1 milhões de pessoas sem emprego no final de 2015 representam 9% da força de trabalho brasileira, que é de pouco mais de 101 milhões de trabalhadores. Mas nem todas elas perderam o emprego e não conseguiram achar outro ao longo do ano. Há também muitas pessoas que ingressaram no mercado de trabalho.
Segundo o IBGE, o número de pessoas ocupadas caiu em cerca de 600 mil, para 92,3 milhões, enquanto que o número de pessoas dispostas a trabalhar – que formam a força de trabalho – aumentou em 2 milhões em um ano. Isso significa que a economia, estagnada, falhou em produzir novos postos de trabalho para todos que querem trabalhar.
Já o número de pessoas com carteira assinada no setor privado era de 35,4 milhões no último trimestre de 2015, recuo de 1,1 milhão em relação ao último trimestre de 2014.
O setor que registrou o maior número de demissões líquidas (total de contratações menos total de demissões) no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2014 foi a indústria, com saldo negativo de 1,065 milhão de pessoas, uma queda de 7,9%.
Na média de todo o ano de 2015, a taxa de desemprego foi de 8,5%, percentual também recorde. Em 2014, a média havia sido de 6,8% (a baixa recorde, em 2012, fora de 5,5%). A população desocupada passou de 6,7 milhões na média de 2014 para 8,6 milhões na média de 2015. Já a população ocupada ficou estável em 92,1 milhões, também na média do ano.
No final de 2015, o rendimento médio dos trabalhadores, de R$ 1.913, caiu 1,1% em relação ao trimestre anterior, quando era de R$ 1.935, e também recuou 2% em relação ao mesmo trimestre de 2014, quando era de R$ 1.953.
Perspectivas negativas
"Projetamos que o mercado de trabalho se deteriore mais, dada a expectativa de que a economia vai passar por recessão profunda", afirmou o diretor de pesquisa econômica do banco Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, à agência de notícias Reuters.
Ele destacou ainda que o recuo da confiança dos consumidores e empresários e as condições financeiras mais apertadas levarão a taxa de desemprego a subir ainda mais em 2016 e à estagnação no crescimento real do salário.
Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE e foram divulgados nesta terça-feira (15/03). A série foi iniciada em 2012.
Em 2015 a economia brasileira encolheu 3,8%, pior resultado desde 1990, e a recessão não dará trégua este ano. Expectativa de especialistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central é de contração de 3,54% do Produto Interno Bruto (PIB), com a inflação medida pelo IPCA chegando a 7,46%.
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