Despesas com pessoal aumentam pouco na Alemanha
1 de setembro de 2006As despesas com pessoal são "uma questão de ponto de vista", acreditam os especialistas do Departamento Federal de Estatísticas (Destatis), que, para elaborar um relatório sobre o mercado de trabalho na Alemanha – relativo aos anos de 2000 a 2004 –, aplicaram questionários em trinta mil empresas com pelo menos dez funcionários.
A contabilidade dos custos arcados pelos empregadores no país depende de vários fatores, como salários, contribuições à previdência social ou seguro-aposentadoria privado. Numa comparação internacional, alertam os especialistas, em nenhum outro país do mundo as despesas com pessoal cresceram tão pouco quanto na Alemanha, nos quatro anos analisados, seja no setor de produção ou no de prestação de serviços.
Leste Europeu
Nos 25 países da UE, a taxa de aumento destas despesas chegou, até o ano de 2004, em média a 3,5%, enquanto na Alemanha o índice foi de apenas 2%.
As maiores subidas nas tabelas de despesas com o empregado foram observadas nos países do Leste Europeu, como por exemplo na Polônia (6%), na Letônia e da Estônia (10%).
Melhor competitividade
Também interessante para os especialistas alemães é a comparação com países como o Reino Unido e a Suécia, onde as despesas acarretadas para manter um empregado foram, no período, sensivelmente maiores do que na Alemanha.
"Diante disso, pode-se chegar à conclusão de que, devido ao aumento moderado destas despesas, a competitibilidade das empresas alemãs em relação a outros membros da UE aumentou desde 2000", diz Johann Hahlen, presidente do Destatis.
Perspectivas otimistas
Segundo os especialistas, em relação aos chamados custos adicionais com pessoal, a Alemanha registrou de 2000 a 2004 índices que levam a perspectivas otimistas, mesmo que para cada cem euros ganhos, um empregador tenha que destinar 33 euros para encargos sociais, licença-maternidade ou remuneração em caso de doença.
O aumento dos encargos sociais, porém, foi menor do que o aumento dos salários como um todo no período, garantem os especialistas. Mesmo que as contribuições às caixas de previdência das empresas e os custos gerados pelo corte de pessoal em forma de indenizações, por exemplo, pesem bastante nos ombros do empregador. "De forma geral, não se pode falar que os empregadores foram mais onerados do que antes de 2000", afirma Hahlen.
Diferenças internas
Deixando de lado a comparação européia, há de se notar as diferenças nada brandas dentro do próprio país, onde a população do Leste (Estados da ex-Alemanha Oriental) ganham, via de regra, 28% menos do que no Oeste do país. Uma discrepância que não tem apenas a ver com os salários em si, mas também com a relação entre salário e horas de trabalho.
"Obervando os setores de produçao e prestação de serviços nas regiões do Leste do país, percebe-se que ali, no ano de 2004, foi trabalhado em média 55 horas a mais do que no Oeste". Isso corresponde a quase uma hora e meia a mais de trabalho por semana – uma hora e meia que acaba pior remunerada. No setor público, a diferença de renda entre Leste e Oeste é de 14%, ou seja, a metade da discrepância registrada nas empresas privadas.