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Dez anos de abertura dos arquivos do Stasi

(rw)29 de dezembro de 2001

Milhares de documentos, vídeos e disquetes documentam as atividades do serviço secreto da antiga Alemanha Oriental. Há dez anos, uma lei possibilitou que os arquivos fossem consultados.

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Marianne Birthler administra os arquivosFoto: AP

No dia 29 de dezembro de 1991, entrou em vigor a "Lei sobre os Documentos do Serviço Secreto da ex-República Democrática Alemã". Quatro dias mais tarde, qualquer cidadão tinha acesso aos arquivos do temido serviço secreto da Alemanha comunista.

Os arquivos do Stasi reúnem 140 quilômetros de papel, 1,3 milhões de fotos e diapositivos, quase 5 mil filmes e vídeos, 164 mil cassetes e 20 mil disquetes e fitas de áudio. Sua abertura para consulta, na época, foi um gesto inédito. São documentos importantes dos 40 anos de história do Leste alemão, armazenados pelo então Ministério de Segurança em Berlim Oriental. A idéia foi seguida pelos serviços secretos de nações vizinhas, como a Polônia, República Checa e Romênia.

Há testemunhos não só da espionagem industrial e política dentro e fora da Alemanha Oriental, mas também das intrigas e delações entre vizinhos, colegas de trabalho e de escola. Os céticos chegaram a profetizar uma "ameaça à paz interna".

Pelo contrário, a contribuição histórica foi enorme. Desde sua abertura, há dez anos, já houve 5 milhões de pedidos de consulta. Destas, 1,9 milhão foram de particulares, 800 mil foram sobre questões de aposentadoria e 360 mil para o esclarecimento de problemas judiciais. O ministro alemão do Interior, Otto Schily, conceituou a abertura dos arquivos como um "elemento importante no processo de unificação da Alemanha".

Quebra-cabeças

- Cerca de 70% do levantamento dos arquivos já foi concluído. Mas em virtude da enorme quantidade de material que os agentes do Stasi tentaram destruir, só foi resgatado 1,3% do material. Entre os anos 1995 e 2001, foram reconstituídas 480 mil folhas de papel.

Os arquivos são conhecidos na Alemanha como Gauck Behörde (Autoridade Gauck, em menção ao seu primeiro chefe, Joachim Gauck, dissidente alemão-oriental). Seus funcionários estão à procura de um programa de computador que ajude na montagem do quebra-cabeças com os pedacinhos de papel.

Desde o final do ano 2000, a encarregada do governo para a administração dos arquivos é a defensora dos direitos civis Marianne Birthler. Além da central, em Berlim, ela comanda outros 14 escritórios e mais de dois mil funcionários.

Caso Kohl

– O ex-chanceler federal, Helmut Kohl, conseguiu impedir por decisão judicial o acesso de jornalistas e historiadores aos arquivos sobre sua pessoa. Num debate que se estendeu por vários meses, a decisão dos juízes, de proteger os direitos pessoais de Kohl, ameaça os objetivos de Marianne Birthler.

A chefe dos arquivos pediu revisão do processo e está aguardando a decisão do Tribunal Administrativo Federal para meados de 2002. Além disso, o Parlamento pretende compor nos próximos meses uma comissão suprapartidária para decidir sobre os destinos da Gauck Behörde.