Difícil controle das águas
21 de setembro de 2003A cooperação internacional é imprescindível em se tratando de questões de abastecimento de água. Um maior intercâmbio poderia ter evitado catástrofes européias como as enchentes em 2002 ou o acidente com cianeto, em janeiro de 2000, que contaminou os rios Tisza e Danúbio até o Mar Negro, trazendo graves conseqüências à Rômenia, Sérvia e Bulgária.
Preocupações que poderiam ter sido evitadas se fossem cumpridas normas aprovadas no papel. Estes problemas foram abordados numa conferência internacional, em Hanôver, por geólogos europeus. Na Alemanha, ainda há muito o que fazer para colocar esta diretriz em prática.
A regulamentação para proteger as águas européias foi aprovada pela Comissão Européia em Bruxelas, em outubro do ano 2000. Ela define não só padrões conjuntos para controle da água, como prevê que até 2004 os dados de cada país possam ser acessados livremente.
Problemas também alemães
Na prática, entretanto, ainda hoje muitas nações que assinaram o acordo não concluíram as análises da qualidade da água em todas as suas bacias fluviais. E muitos que já o fizeram usaram formas de medida não usuais entre os demais signatários.
Até mesmo na Alemanha, onde tudo costuma ser normatizado, há problemas. Por exemplo, o instituto nacional encarregado de reunir estes dados, em Hanôver, depende dos estados para reunir as informações. "Uma questão de autonomia das unidades da Federação, não podemos mudá-la", explica o diretor do instituto, Friedrich-Wilhelm Wellmer.
Para ter-se uma idéia do que é este gigantesco trabalho, Wellmer o compara a um quebra-cabeças: "Para se fazer um quadro da situação na Alemanha, é preciso reunir todos os dados, como as peças de um quebra-cabeças. A questão é que elas não encaixam facilmente, pois não só os padrões estaduais são diferentes, como também os sistemas de processamento destas informações".
Controles contínuos
Alguns dos empecilhos, contudo, puderam ser contornados, e por pressão de Bruxelas já foi publicado um primeiro mapa estrutural dos lençóis subterrâneos da Alemanha. A diretriz européia, entretanto, vai além. Ela exige um controle contínuo de rios, lagos e lençóis subterrâneos.
Num primeiro passo, até 2015, pretende-se reduzir a poluição. Cinco anos depois, duas dezenas de produtos tóxicos não poderão mais ser dispendidos na água. A prevenção é muito mais barata que a limpeza da água poluída, constata Emile Elewaut, da associação de geólogos EuroGeoSurveys:
─ Eliminar nitratos e pesticidas das águas é uma operação muito dispendiosa. Ao final das contas, é o consumidor que acaba pagando mais caro pela água que consome. Se quisermos que ela continue um produto acessível também no futuro, é melhor resolvermos o problema agora pela raiz, com prevenção.