Dilma diz que escândalo da Petrobras vai "mudar Brasil para sempre"
16 de novembro de 2014Em sua primeira entrevista sobre a nova etapa da Operação Lava Jato, que investiga as acusações de corrupção na Petrobras, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, afirmou neste domingo (16/11) que tais investigações vão "mudar o Brasil para sempre", transformando as relações entre sociedade, Estado e empresas privadas.
"Esse não é, de fato, tenho certeza disso, o primeiro escândalo de corrupção do país. Agora, ele é, sim, o primeiro escândalo na nossa história realmente investigado, o que é muito diferente", defendeu a presidente em pouco antes do encerramento da cúpula do G20, em Brisbane, na Austrália.
Ela ainda destacou o fato de que, "pela primeira vez em sua história", o Brasil trata de forma "absolutamente aberta" um caso dessa dimensão.
Questionada se o caso não pode prejudicar a Petrobras internacionalmente, já que a empresa atua em diversas bolsas de valores, Dilma afirmou que esta não é a primeira vez que uma empresa petrolífera se envolve em denúncias de corrupção no mundo. Portanto, prosseguiu, a companhia não deve ser condenada pelo fato de ter uma minoria de funcionários corruptos.
"Quero lembrar que um dos grandes escândalos de corrupção investigados no mundo foi o da Enron, que é uma empresa privada [americana]. A maioria absoluta dos membros da Petrobras, dos funcionários, não é corrupta", disse Dilma.
Na sexta-feira passada, a Polícia Federal cumpriu 85 mandados judiciais – sendo 21 de prisão temporária, nove de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão – na sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada no dia 17 de março. As ordens foram cumpridas no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Distrito Federal. Cerca de 720 milhões de reais em bens dos suspeitos foram bloqueados.
As investigações apontam que operadores do PT e do PMDB, os dois principais partidos do governo, teriam recebido pelo menos 200 milhões de reais em propinas para viabilizar contratos com empreiteiras. O grupo investigado pela polícia está envolvido em diversos crimes como lavagem de dinheiro, corrupção, sonegação fiscal, evasão de divisas e desvio de recursos públicos.
Protestos no Brasil
Dilma Rousseff disse ainda ver com naturalidade as manifestações pedindo seu impeachment, afirmando que elas mostram que o Brasil vive uma "situação democrática consolidada" e, por isso, "faz parte da nossa história tolerar as manifestações, mesmo as mais extremadas".
Antes de viajar de volta para Brasília, neste domingo, a presidente brasileira ainda participou de um almoço com líderes do G20.
Na Austrália, Dilma teve encontros com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, com o presidente americano, Barack Obama, e com o presidente da China, Xi Jinping.
Ela também se reuniu com líderes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que manifestaram vontade de acelerar a implementação de um Banco de Desenvolvimento comum, para ampliar a sua atuação econômica e financeira.
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