Juros negativos
30 de dezembro de 2011Italianos e espanhóis devem estar olhando com inveja, ou ao menos espanto, para a Dinamarca. Enquanto os países do sul da Europa precisam pagar juros elevados nas suas novas emissões de títulos, no caso da Dinamarca ocorre o contrário: os investidores aceitam até mesmo receber menos de volta – ou seja, os juros são negativos.
Nesta quinta-feira (29/12), o Banco Central dinamarquês emitiu títulos com vencimentos de três, seis e nove meses, no valor total de 2,32 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de 750 milhões de reais). Em dois casos, os juros ficaram abaixo de zero, ou seja, na prática os investidores estão pagando ao Estado dinamarquês para poder investir nos seus papéis.
"Esse foi o primeiro leilão com juros negativos que já tivemos", afirmou Ove Jensen, responsável pela administração da dívida no Banco Central de Copenhague. Segundo ele, os investidores estão procurando qualidade, os juros já não são tão importantes. "Importante é receber o dinheiro de volta", completou.
Os rendimentos negativos dos papéis dinamarqueses são, contudo, baixos. Os títulos de três meses estão "pagando" -0,21% e no caso das emissões de seis meses, a taxa de juros ficou em -0,07%. Quem investiu em papéis de nove meses embolsará um ganho mínimo de 0,03%. Também no chamado mercado secundário os títulos dinamarqueses são bem procurados, com juros em torno de zero.
Os papéis dinamarqueses estão mais bem cotados que os alemães, que estão pagando 0,15% para vencimentos de dois anos. O caso da Itália é bem mais dramático: o país aceitou pagar 4,7% no último leilão com vencimento de dois anos.
AS/rtr/dpa
Revisão: Augusto Valente