Diplomacia parece avançar no Oriente Médio
24 de julho de 2006O conflito armado no Oriente Médio continua sem mostrar sinais de arrefecimento, na fronteira entre o Líbano e Israel. Enquanto tropas israelenses avançam sobre território libanês, milícias do grupo extremista islâmico Hisbolá atiram mísseis a alvos urbanos no norte de Israel.
Após o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, e o ministro francês das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, que já se encontravam na região, no final de semana foi a vez do chefe da diplomacia alemã, Frank Walter Steinmeier, pôr-se a caminho. Na segunda-feira (24/07), a presença internacional na região foi reforçada pela chegada da secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice.
Alemanha faz investida diplomática
O governo alemão adere aos esforços internacionais pela paz no Oriente Médio com uma grande investida diplomática. Para sondar a situação, o ministro Steinmeier enviou, paralelamente à sua viagem à região, equipes de reconhecimento formadas por especialistas de alto nível a Nova York, Beirute e Damasco.
Segundo seu porta-voz, Martin Jäger, Steinmeier se reunirá com essas equipes para uma conversa estratégica em Malta, visando identificar "possíveis elementos para uma solução diplomática" do conflito.
Na próxima quarta-feira o ministro participará em Roma da conferência das Nações Unidas sobre o Líbano, na qual se fará uma avaliação geral da situação política e humanitária no sul do país, bem como o esboço de uma solução política para o conflito.
Antes, porém, Steinmeier quer ter conversas bilaterais com Rice e seu homólogo italiano, Massimo D'Alema. Além deles, participarão da conferência os ministros do Exterior dos demais países da União Européia, da Rússia, Egito, Arábia Saudita e Jordânia.
Primeiros resultados positivos
Segundo o porta-voz do governo, Ulrich Wilhelm, todos os esforços da Alemanha – inclusive a viagem de Steinmeier à região do conflito e as conversas da chanceler federal Angela Merkel – têm como objetivo criar condições necessárias para um cessar-fogo imediato e perspectivas para uma estabilização permanente da situação. "Investimos em um cessar-fogo que seja mantido, não seja enganoso e tenha em vista o cerne do conflito", disse Wilhelm.
Para Jäger, a viagem de Steinmeier gerou "os primeiros indícios de uma abertura diplomática" – opinião compartilhada pelo governo francês –, permitindo "um otimismo cuidadoso".
Se Israel rejeitara até então a proposta de instalação de tropas internacionais no sul do Líbano, no domingo último o chefe de governo israelense, Ehud Olmert, admitiu que a medida poderia contribuir para o fim do conflito. A condição seria que as tropas fossem constituídas por países da União Européia e recebessem da ONU um mandato robusto.
Países árabes apelam à diplomacia
Nos países árabes, principalmente no Egito, cresce a pressão da população para que se tomem duras medidas contra Israel. No Cairo, seis mil pessoas foram às ruas protestar, e a situação se repetiu em Alexandria e El Arich, no norte da península do Sinai.
Até então, os governos de países árabes evitaram críticas severas a Israel, preferindo salientar a culpa do Hisbolá no conflito. Tal postura faz sentido, uma vez que muitos deles têm de lutar contra forças radicais islâmicas e uma derrota do Hisbolá poderia enfraquecer também seus próprios inimigos em casa.
Recentemente, Egito e Arábia Saudita intensificaram seus esforços diplomáticos para reduzir drasticamente a crise e ao mesmo aumentar sua soberania em relação ao Ocidente. Durante a visita de Steinmeier ao Cairo, seu colega egípcio de pasta Abul-Rheit reivindicou o cessar-fogo imediato, bem como uma troca de prisioneiros entre Israel e o Hisbolá.
O Egito defende, além disso, o estacionamento do exército libanês no sul do país, assim como aceitaria a presença de tropas internacionais na região fronteiriça.
Também a Arábia Saudita defendeu perante os Estados Unidos um cessar-fogo imediato. O ministro saudita do Exterior, o príncipe Saud al Faisal, entregou uma carta do rei saudita ao presidente norte-americano George W. Bush, na qual solicitava aos EUA que tomasse medidas nesse sentido. Egito e Síria reivindicaram também que a Síria suspendesse o apoio ao Hisbolá.
Os sinais parecem ter sido recebidos: os EUA parecem mudar seu curso, caminhando em direção ao cessar-fogo. E a Síria anunciou que estaria disposta a renovar suas relações com Washington.