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Diplomata brasileiro é eleito novo diretor-geral da OMC

Fernando Caulyt7 de maio de 2013

Roberto Azevêdo vence mexicano e é eleito novo chefe da Organização Mundial do Comércio. Para especialista, vitória é importante para diplomacia brasileira e brasileiro tem condições de destravar comércio multilateral.

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Foto: Getty Images

O embaixador brasileiro Roberto Azevêdo foi escolhido nesta terça-feira (07/05) novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Na disputa com o mexicano Hermínio Blanco, ele obteve a maioria dos votos dos 159 países-membros da organização, que tem sede em Genebra, Suíça.

O resultado oficial, como também a quantidade de votos recebida por cada candidato, serão divulgados nesta quarta-feira. Em teoria, os países podem vetar o nome de Azevêdo, mas, na prática, a decisão desta terça-feira é considerada final. Os Estados Unidos e a Europa, que apoiaram o candidato mexicano, já indicaram que não devem usar seu poder de veto.

Reavivar Rodada de Doha é meta

É a primeira vez que a OMC vai ter um chefe proveniente de um país da América Latina. Ao todo, nove candidatos de diferentes países disputaram o pleito e concorreram à sucessão do atual chefe da OMC, o francês Pascal Lamy, que ficou no cargo por oito anos. Azevêdo deverá assumir o posto no início de setembro deste ano, e terá mandato de quatro anos.

Em entrevista exclusiva à Deutsche Welle, no início de fevereiro, Azevêdo afirmara que pretende fortalecer o sistema multilateral de comércio e destravar as negociações da Rodada de Doha, que tem o objetivo de remover barreiras comerciais entre os países, e está parada há 12 anos.

Ele quer, também, transformar novamente a OMC num foro viável de negociações "para que as atenções voltem ao sistema multilateral e as negociações voltem a ter um grau de ambição compatível com as necessidades de crescimento do mundo atual".

Apesar de ser um grande desafio, fortalecer o sistema multilateral de comércio e destravar Doha é possível. "O fato de ele ter conseguido contornar o veto dos europeus e norte-americanos é um sinal de que terá condições de avançar nas negociações da OMC", afirmou Antonio Carlos Alves dos Santos, professor de Economia e Comércio Internacional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Vitória para a diplomacia brasileira

Azevêdo, de 55 anos, ocupou vários cargos importantes, tanto no governo brasileiro quanto em organizações internacionais – como, por exemplo, entre 1997 e 2001, na Delegação do Brasil junto à ONU e outros organismos internacionais em Genebra. Além disso, desde setembro de 2008 atua como Representante Permanente do Brasil junto à OMC, atuando como negociador-chave nas transações multilaterais de comércio.

O embaixador brasileiro teria recebido o apoio de países de todas as regiões, e isso pode ser considerado uma grande vitória para a diplomacia brasileira. "A estratégia de se aproximar mais dos países africanos [que têm 50 votos na OMC, quase um terço do total], uma estratégia do governo Lula, começa a dar frutos. Foi muito importante o apoio dos africanos neste processo", comentou Alves dos Santos, da PUC-SP.

Herminio Blanco
Hermínio Blanco tinha o apoio da União Europeia e dos Estados UnidosFoto: picture-alliance/dpa

Criada em 1995, a Organização Mundial do Comércio tem o objetivo de avançar nas negociações comerciais globais, num esforço para estimular o crescimento através da abertura de mercados e reduzir as barreiras comerciais, incluindo subsídios, impostos e regulamentações excessivas.

O diretor-geral da OMC não é eleito formalmente. Ao contrário de organizações internacionais semelhantes, como os vários braços da Organização das Nações Unidas (ONU), cujos chefes são nomeados, a OMC escolhe seu chefe por consenso.