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Diretor da CIA admite uso de métodos "repulsivos" em interrogatórios

11 de dezembro de 2014

John Brennan afirma que polêmico programa antiterrorismo iniciado após o 11 de Setembro produziu informações úteis, mas ressalva que é impossível saber se elas poderiam ser obtidas sem o emprego das "técnicas ampliadas".

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Foto: Getty Images/AFP/J. Watson

O diretor da CIA, John Brennan, concedeu nesta quinta-feira (11/12) uma rara entrevista coletiva à imprensa para defender a agência das acusações de tortura na luta contra o terrorismo depois do 11 de Setembro. As acusações constam de um relatório divulgado esta terça-feira pelo Senado dos Estados Unidos.

Brennan abriu a entrevista coletiva relembrando os horrores dos ataques do 11 de Setembro e destacando a determinação da CIA de impedir que algo semelhante voltasse a acontecer. Ele afirmou que, na guerra contra o terrorismo, os agentes da CIA foram os primeiros a lutar e também os primeiros a morrer.

Mas Brennan concordou que métodos não autorizados e em alguns casos "repulsivos" foram usados em interrogatórios de detentos. "Num número limitado de casos, agentes usaram técnicas de interrogatório que não foram autorizadas, eram repulsivas e devem corretamente ser repudiadas por todos. E fomos insuficientes na hora de fazer alguns agentes prestar contas pelos seus erros", disse.

Mas o chefe da CIA disse que a ampla maioria dos agentes envolvidos no programa cumpriu suas responsabilidades corretamente e de acordo com as diretrizes legais que lhes foram dadas. "Em resposta às questões identificadas [pelo relatório do Senado], a CIA implementou um número de reformas, num esforço para garantir que esses erros não se repitam."

"Impossível de saber"

O trecho mais polêmico da entrevista de Brennan foi sua declaração de que é impossível saber se as "técnicas ampliadas de interrogatório" (o termo usado pela CIA e que, na opinião dos críticos, é um eufemismo para tortura) produziram informações que não poderiam ser obtidas sem o uso dessas técnicas.

"O programa de detenção e interrogatório produziu informações úteis, que ajudaram os Estados Unidos a obstruir planos de ataques, capturar terroristas e salvar vidas. Mas quero ser claro. Nós não concluímos que foi o uso das EITs (enhanced interrogation techniques, ou técnicas ampliadas de interrogatório) nesse programa que nos permitiu obter informações úteis dos detentos sujeitos a elas. [Se há] a relação de causa e efeito entre o uso das EITs e a informação útil subsequentemente fornecida pelos detentos é, na minha opinião, impossível de saber", afirmou.

Questionado se ele chamaria de tortura alguns dos métodos usados por agentes da CIA, Brennan disse que deixa para outros colocar nomes no que aconteceu. Ele destacou que a CIA foi incumbida pelo então presidente George W. Bush de executar um programa para deter suspeitos de terrorismo ao redor do mundo. "Em muitos aspectos, o programa era território desconhecido para a CIA, e nós não estávamos preparados", afirmou.

Brennan disse que ele tende a acreditar que o uso de métodos coercitivos tem uma grande probabilidade de resultar em informação falsa porque uma pessoa sujeita a esses métodos pode dizer algo apenas para que eles parem de ser usados. "Acho que esta agência disse que indivíduos sujeitos a essas técnicas forneceram informações úteis tanto quanto informações falsas", acrescentou.

AS/rtr/afp/ap