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Diretora do FMI é investigada por suspeita de favorecimento

27 de agosto de 2014

Christine Lagarde é acusada de negligência pela Justiça francesa por causa do pagamento de indenização milionária a um apoiador de Sarkozy quando era ministra da Economia da França.

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Foto: Reuters

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, foi acusada de negligência pela Justiça francesa, depois de ter sido interrogada durante várias horas no âmbito de uma investigação sobre o pagamento de uma indenização pelo Estado a um empresário. Apesar da acusação, Lagarde declarou à imprensa francesa que não pretende abandonar seu atual cargo.

Ela prestou declarações nesta terça-feira (26/08), durante 15 horas, na Corte de Justiça da República (CJR) da França, instância judicial que tem competência para julgar ministros por alegados delitos cometidos durante o período em que exerceram os cargos.

A ministra da Economia do governo do ex-presidente Nicolas Sarkozy já foi interrogada quatro vezes pelo mesmo tribunal, mas sempre na qualidade de testemunha, e só agora foi acusada formalmente pela Justiça.

"A comissão de instrução da CJR decidiu me colocar em investigação formal [mise en examen] com base numa simples negligência", declarou Lagarde à agência de notícias AFP, na presença de seu advogado, Yves Repiquet.

Na França, quando um suspeito é submetido a uma investigação formal (mise en examen), isso significa que há indícios consistentes de que ele tenha cometido irregularidades. Nem sempre, porém, a investigação leva a julgamento.

A investigação pretende determinar se houve tratamento privilegiado na atribuição de uma indenização de 403 milhões de euros ao empresário Bernard Tapie em 2007. Ele havia se sentido prejudicado na venda da empresa de equipamento esportivo Adidas, da qual era acionista majoritário, pelo banco Crédit Lyonnais, em 1993.

Tapie havia confiado a venda da empresa ao banco Crédit Lyonnais. Quando este a revendeu pelo dobro do preço, o empresário se sentiu lesado e exigiu uma indenização do Estado, principal acionista do Crédit Lyonnais.

Após vários anos de litígio em tribunal, a ministra da Economia do governo de Sarkozy – cargo que exerceu entre 2007 e 2011, antes de ter sido nomeada diretora do FMI – decidiu que o valor da indenização a Tapie fosse determinado por um tribunal arbitral.

O fato levou à abertura da investigação judicial sobre suspeita de corrupção. Suspeita-se que Tapie, que apoiou Sarkozy em 2007, tenha recebido um tratamento privilegiado por o caso ter sido decidido por um tribunal arbitral e por o governo não ter recorrido da decisão.

Cinco pessoas foram acusadas pelos juízes do tribunal, entre eles Tapie, conhecido pela amizade que mantém com o ex-presidente Sarkozy, e o antigo chefe de gabinete de Lagarde, Stéphane Richard, atual presidente da operadora de telecomunicações francesa Orange.

AS/lusa/afp