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Disputa sobre Síria domina Conferência de Munique

13 de fevereiro de 2016

Apesar do acordo sobre uma suspensão das hostilidades na Síria, Conferência de Segurança de Munique deixa claro que persistem as diferenças entre o Ocidente e a Rússia para solução do conflito no Oriente Médio.

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Secretário de Estado americano, John Kerry, fala na Conferência de Segurança de MuniqueFoto: Reuters/M. Dalder

Pouco depois de diplomatas de diversos países, inclusive da Rússia, terem concordado sobre um cessar das hostilidades na Síria, o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov diminuiu as esperanças de que se chegue em breve a uma trégua no país árabe.

Lavrov reagiu irritado à exigência de seus colegas de pasta ocidentais de que seu país pare os bombardeios contra os rebeldes moderados que lutam contra o regime do presidente Bashar al-Assad. Reunidos em Munique, diplomatas concordaram nesta quinta-feira em "cessar as hostilidades" na Síria e ampliar o acesso de ajuda humanitária no país.

Em sua fala na Conferência de Segurança de Munique, o chefe da diplomacia russa deixou a impressão neste sábado (13/02) que as chances para uma trégua na Síria são reduzidas.

München Sicherheitskonferenz - Lawrow und Steinmeier
Ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, conversa com colega de pasta alemão, Frank-Walter SteinmeierFoto: Reuters/M. Dalder

"Aparentemente, trata-se, sobretudo, de pôr um fim nos bombardeios por parte das forças russas", afirmou Lavrov na capital bávara. "Agora eu não estou mais tão seguro do sucesso desse encontro em Munique, principalmente no tocante a esse documento sobre o cessar-fogo."

O secretário de Estado americano, John Kerry, alertou para um fracasso dos acordos de Munique. "Estamos num ponto de virada", enfatizou. "As decisões a serem tomadas nos próximos dias, semanas e meses poderão finalizar a guerra na Síria. Ou elas também poderão fazer com que nós, futuramente, sejamos confrontados com outras opções."

Kerry não explicitou se estava se referindo à possível instalação de uma zona de exclusão aérea ou sobre o possível emprego de tropas de solo na Síria. O secretário de Estado exigiu que os ataques aéreos russos se restringissem aos grupos terroristas. Segundo ele, a grande maioria dos bombardeios teve como alvo grupos oposicionistas considerados moderados.

Tempos de Guerra Fria?

Em seu discurso em Munique, o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, expressou esperança de que as novas resoluções sobre a Síria levem a "um notável declínio da violência". No entanto, Steinmeier ressaltou: "Se isso é realmente um avanço, só vamos saber quando, no fim de semana, os primeiros transportes de ajuda humanitária chegarem às pessoas em Deir-ez-Zor e a regiões rurais em torno de Damasco."

Além disso, Steinmeier explicou que alguns meios de comunicação teriam entendido mal a declaração do primeiro-ministro russo Medvedev sobre uma "nova Guerra Fria". Para o ministro alemão, o que o premiê russo quis dizer foi: "Temos que evitar uma situação que leve a uma nova Guerra Fria."

No início de seu discurso em Munique, Medvedev declarou: "Entramos num novo período de Guerra Fria", afirmou, descrevendo com palavras drásticas a relação entre a Rússia e o Ocidente e dizendo que os laços entre Moscou e a União Europeia também estão deteriorados. No contexto das tensões provocadas pelo conflito na Ucrânia e do apoio de Moscou ao regime sírio, Medvedev frisou que "o que resta é uma política de inimizade da Otan em relação à Rússia".

München Sicherheitskonferenz - Dmitri Medwedew
Medvedev: "Entramos num novo período de Guerra Fria"Foto: Reuters/M. Dalder

Novos bombardeios

O Ocidente acusa o governo em Moscou de querer liquidar a oposição moderada, sob o pretexto de combater os extremistas do "Estado Islâmico" para assim estabilizar o regime Assad. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, a intensidade dos ataques aéreos russos aumentou.

Na madrugada de sexta para sábado, jatos russos realizaram ao menos 12 ataques no norte do país, informou o Observatório. Os alvos seriam áreas próximas à cidade de Asa e outras localidades perto da fronteira com a Turquia. Em Asa, estariam abrigadas milhares de pessoas que fugiram da crescente violência e ataques aéreos na região.

De acordo com a entidade, também neste sábado Aleppo, uma das maiores cidades do país, foi fortemente bombardeada pelos russos. Os ataques se destinariam a preparar a ocupação da cidade por tropas do governo em Damasco.

CA/dpa/afp/rtr