Dissidente chinês ganha prêmio de direitos humanos da UE
24 de outubro de 2019O economista chinês Ilham Tohti, conhecido pela luta pelos direitos da minoria uigur na China, é o vencedor do prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, anunciou nesta quinta-feira (24/10) o Parlamento Europeu.
O intelectual foi condenado em 2014 pela Justiça chinesa à prisão perpétua por "separatismo", num processo que provocou uma onda de protestos de governos estrangeiros e organizações de defesa dos direitos humanos.
"Tohti se empenhou muito para melhorar a compressão pelos uigures na China. O Parlamento Europeu expressa todo seu apoio ao seu trabalho e pede que ele seja imediatamente libertado pelas autoridades chinesas", declarou o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, ao anunciar o vencedor.
Durante mais de duas décadas, o intelectual trabalhou para promover o diálogo e a compreensão entre uigures e chineses, tendo criado o Uyghur Online, um site na internet que discute questões relativas a essa minoria. Na plataforma, ele criticava regularmente a exclusão da população uigur chinesa do desenvolvimento do país e buscava uma maior sensibilização para o estatuto e o tratamento da comunidade uigur na sociedade chinesa.
Por estas ações, Tohti foi declarado um "separatista" pelo Estado chinês e, subsequentemente, condenado a uma pena de prisão perpétua. Desde 2017, a China prendeu mais de um milhão de uigures em campos. Essas detenções e de outras minorias são alvos de críticas internacionais.
A cerimônia de entrega do prêmio Sakharov está agendada para 18 de dezembro, em Estrasburgo. "O prêmio não só reconhece o que meu pai fez, mas também reconhece o sofrimento pelo qual os uigures têm passado", disse Jewher Ilham, filha de Ilham Tohti, em entrevista à DW.
Entre os finalistas deste ano estavam também três ativistas brasileiros: a vereadora do Psol Marielle Franco, assassinada em março do ano passado e nomeada postumamente, a ambientalista Claudelice Silva dos Santos e o líder indígena Raoni Metuktire.
Todos os anos, desde 1988, o Parlamento Europeu atribui o prêmio Sakharov, no valor de 50 mil euros e batizado em homenagem ao dissidente soviético Andrei Sakharov, a personalidades ou organizações que se destacam na defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. No ano passado, o vencedor foi o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, condenado a 20 anos de prisão por um tribunal russo, por supostas atividades terroristas na Península da Crimeia, e libertado no mês passado após cumprir cinco anos de pena.
MD/epd/lusa/ap/dpa
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